Bom dia a todos. Vou pedir uma ajuda à plataforma mas não vou meter a foice em ceara alheia.
O assunto que me traz é o impressionante acidente com um contentor, que parece de 40 pés, na via rápida que poderia ter sido a morte de muita gente pela maneira como a Via Rápida anda sempre entupida. Anda entupida, mas mesmo assim o camião em causa tinha que ir como bala para acontecer o que aconteceu, mesmo com aquilo que vou dizer.
As "trelas", reboque rodoviário, chassis porta-contentores ou ainda carreta, para quem anda nesta vida, tem uns fechos de segurança que prendem o contentor à trela e que se chamam fechos de torção ou twistlocks. Têm sempre a mesma forma de fixar, a aparência pode mudar, com chave fixa ou à parte.
Todos os contentores marítimos padronizados possuem aberturas reforçadas em cada um dos seus oito cantos, chamadas peças fundidas de canto (corner castings). É nestes pontos que o contentor é "agarrado" (palavra mágica na nossa terra) para ser levantado e também onde é fixado a navios, comboios ou reboques de camiões.
O chassis porta-contentores tem, na sua estrutura, um número correspondente de fechos de torção, localizados para encaixar exatamente nas peças fundidas de canto do contentor, geralmente quatro para contentores de 20 pés e oito para contentores de 40 pés.
O mecanismo de bloqueio implica ajustar o contentor ao chassis para que cada perne entre na abertura da peça fundida de canto do contentor, depois o condutor ou operador gira manualmente o mecanismo do fecho de torção. O movimento de rotação (o "twist" ou torção) faz com que a cabeça do feche gire dentro da peça fundida do contentor, travando-o de forma segura ao chassis. fica cruzado em relação à saída O contentor fica assim bloqueado firmemente, impedindo que se mova, deslize ou tombe durante o transporte rodoviário.
Duas lógicas difíceis de contrariar, se o contentor tombou e tinha os fechos de torção ou twistlocks então a velocidade exagerada a que ia teria levado contentor e trela juntos! E já denunciei, só acontece com alta velocidade, ou velocidade não aconselhada para carregar um contentor.
Muitos falam de tacógrafos, algo que mais uma vez nesta terra sui generis de superlativos evita por causa dos Donos Disto Tudo, para andarem rápido a fazer dinheiro (a culpa depois fica com o condutor que tenta agradar, estar em estado de graça, vai acontecer o mesmo com jornalistas proximamente). O tacógrafo, também conhecido como Registrador Instantâneo Inalterável de Velocidade e Tempo, é um instrumento de controlo obrigatório instalado em certos veículos rodoviários, especialmente os de transporte de carga pesada e de passageiros. Mas, se não tiver, de fábrica, muitos camiões já trazem GPS que regista a localização e a velocidade. Os DDT também compram versões sem GPS? Não creio, até para vigiarem o negócio, é que nos tacógrafos não podem tocar. Onde andam os radares na Via Rápida? Se montassem teriam a mesma utilidade das câmaras de vigilância?
Portanto andar louco para agradar o patrão por eficiência e trabalho feito é contraproducente quando acontece o erro, ele rejeita responsabilidades, os jornalistas que se ponham a pau!
O acidente tem lógica e a velocidade tem registo. A culpa vai morrer solteira e sem mais notícia? Quem deveria girar os fechos de torção ou twistlocks pode ser uma ou outra pessoa, o camionista deve conferir antes de ir para a estrada.
Também se distraem com contentores de gás natural padronizados pelos contentores e mesmo sistema de fechos de torção ou twistlocks. Então teremos um fogo de fim do ano para entrar de novo no Guinness Book e o Eduardo Jesus receber mais uma medalha nesta ilha mágica.
Engraçado, a notícia morreu, não se fez jornalismo de investigação nem fact-check, viva o Madeira Opina.