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| Pólvora sem fumaça (link) |
A Universidade da Madeira, sempre na vanguarda da inovação e da boa gestão de recursos públicos, deu mais um passo histórico rumo ao futuro digital: pagou uma pequena fortuna a uma empresa externa (daquelas que surgem como cogumelos sempre que há um orçamento para “consultoria estratégica”) para obter um diagnóstico revolucionário, as assinaturas digitais dos e-mails devem ser padronizadas.
Sim, leu bem. Depois de décadas de ciência, investigação e ensino superior, eis que um estudo de centenas (ou milhares?) de euros concluiu o que qualquer estagiário com noções básicas de Outlook já saberia em cinco minutos. Uma revelação digna de um prémio Nobel da Burocracia.
Enquanto isso, faltam mestrados para docentes, oportunidades de valorização das carreiras académicas, e recursos para melhorar as condições de trabalho. Mas o essencial está garantido: a assinatura digital vai, finalmente, ter o mesmo tipo de letra, o mesmo logo e, quem sabe, até a mesma quantidade de arrobas por funcionário. Um verdadeiro salto qualitativo para o futuro da instituição!
O Gabinete de Qualidade da UMa esteve atento. E claro, esta consultoria não foi feita por qualquer empresa. Diz-se pelas entrelinhas que pode ter sido algo tipo SpinumViva, Lda., nome fictício, claro, mas com aquele aroma conhecido de “tentáculos internos e externos” que parecem sempre saber onde há um contrato público disponível.
Em resumo: os alunos esperam investimento, mas o e-mail... ah, o e-mail vai brilhar com uniformidade exemplar.
Nada diz Excelência Académica como gastar uma disparidade para descobrir que a assinatura deve ter o nome, o cargo e o logotipo da casa.
O futuro da instituição está agora seguro: todos os e-mails alinhados à esquerda, com nome, cargo e azul institucional.
Um verdadeiro triunfo da inteligência administrativa sobre a razão.
Quem precisa de investimento em ciência quando se pode investir em estética digital?
Quem precisa de professores valorizados quando se pode ter assinaturas coordenadas?
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