Sobre o seguro da banana.


A s seguradoras só querem filet mignon, mas eu vou saber para que vai servir as seguradoras com as alterações climáticas, olho. A "empresa pública" Gesba poderia fazer com o GR um "bundle" de seguros com filet mignon e banana doce, como muitas vezes fazem no comércio para enfiar algum produto enxurrado.

Por outro lado, e como sabem, os Governos, e o Governo regional não é exceção, muitas vezes optam por não ter seguro e quando o azar bate à porta chegam-se à frente. Coisa que os particulares não têm direito e também não têm dinheiro para fazer igual, quando não é seguro obrigatório. Sendo a banana um produto regional de relevo, porque é que o Governo não faz igual como faz para si e chega-se à frente?

Quero vos dizer que falo um pouco de cór pela notícias, é que, como vem sendo habitual no nosso jornalismo, há falta de vozes diversas, o texto é dominado pela perspetiva da GESBA. Não há declarações de seguradoras, produtores ou especialistas independentes. Essa ausência reduz o equilíbrio jornalístico e a profundidade da análise. E se estou a ser injusto com as seguradoras? A culpa é do jornalismo.

O artigo não aprofunda por que as seguradoras não se interessam, será o risco climático elevado, a dispersão das explorações, a falta de incentivos fiscais ou burocracia? Fica implícito, mas não é explicado. Pode ser defeito meu de novo mas a linguagem, embora correta, aproxima-se de um comunicado oficial, compreendem? Tom demasiado institucional... dá para desconfiar que mais do que uma notícia é uma desculpa pelo insucesso... institucional!

Outra tarefa que não fizeram... teria sido útil comparar com outras regiões agrícolas (como Açores ou Algarve) ou com outras culturas (uva, batata, etc.) para avaliar se o problema é específico da banana ou generalizado.

Meus amigos jornalistas, abandonem a dependência do Governo e comecem a mexer as cabeças, muitas fake news nascem porque vocês deixam-se na versão do governo como se fossem inocentes!

Quanto as seguradoras, ao recusarem participar nos concursos promovidos pela GESBA, demonstram uma visão míope do seu papel na economia. Num contexto de alterações climáticas e volatilidade crescente, o setor segurador deveria ser parte da solução, não um observador distante, afinal o risco faz parte da sua natureza? Filet Mignon! Cuidado com o reverso da medalha, fogem à razão da sua própria existência, parecem jornalistas a fugir da notícia. As seguradoras mostram uma postura de distanciamento face à realidade produtiva regional. A banana da Madeira não é apenas uma cultura económica, é um símbolo da agricultura local, um sustento para centenas de famílias e uma parte relevante das exportações regionais. Ao ignorarem três concursos consecutivos, as seguradoras passam a mensagem de que apenas se interessam por mercados de baixo risco e alta rentabilidade imediata, abandonando os produtores que mais necessitam de proteção. Quando for filet mignon o Governo que não faça seguros...

A banana não dá prémios aos administradores dos seguros como dá a Gesba?

Qualquer dia admiram-se com o fim de mais uma cultura na Madeira, é que fazendo uma festa, por agora há fruta! E dava muito mais para esticar a festa por 30 dias se comparado com a Festa da Flor!