É impossível não notar a quantidade de publicidade a casinos e jogos online que existem na nossa TV, o dinheiro que representa em publicidade e em jogo. É um exagero esta chamada para o vício, vamos todos ganhar a vida a jogar? Eu não entendo esta regulamentação e proliferação das plataformas de jogos online, assistimos a uma corrida ao mercado desenfreada. A publicidade intensa é o principal motor para atrair novos utilizadores, escolha dos horários de maior afluência de adultos (pós-jornal, programas desportivos, filmes) maximiza o alcance junto do público-alvo com maior poder de decisão e disponibilidade financeira.
O problema é que estamos a ver jovens a cair na tentação e de sono nas salas de aulas. O que estou a ver é que a forte ligação entre a publicidade de apostas e eventos desportivos (futebol, principalmente) normaliza a atividade e insere-a no ritual de consumo desportivo. Faz parte. é só alegria, facilidade, emoção. A publicidade tende a focar-se na emoção da vitória, na adrenalina, e na rapidez/simplicidade de ganhar. Raramente se enfatiza o risco ou a probabilidade real de perda como alguns em investimentos de risco são obrigados a fazer.
A Grande Pergunta: vamos todos ganhar a vida a jogar em casinos? A resposta é um não categórico. A publicidade cria uma ilusão de oportunidade fácil. A realidade é que o jogo é uma forma de entretenimento com custo e risco, e não uma fonte sustentável de rendimento.
A constante exposição normaliza o jogo como uma atividade inócua e até desejável, com o fim da sensibilidade do público para os riscos associados. É preciso a proteção dos menores e vulneráveis, porque estou a ver uma realidade que os envolve. Apesar das restrições legais nos media, a ubiquidade da publicidade pode influenciar indiretamente públicos mais jovens e pessoas em situações financeiras vulneráveis. Facto que está a acontecer porque até dão a "volta" às restrições.
Se a ludopatia é um problema de saúde pública até para alguns governantes, imagino o resto... O investimento maciço em publicidade é desproporcional ao investimento em campanhas de prevenção e tratamento do vício.
O que estamos a observar não é a ascensão de uma nova via para a independência financeira, mas sim a agressiva capitalização de um novo mercado legalizado. A repetição constante da mensagem de vitória visa atrair a fatia de utilizadores que sustenta o modelo de negócio: aqueles que jogam de forma regular e, em última análise, perdem.
Os que perdem têm vergonha de assumir e ser exemplo.
