Eu ia disparatar, mas depois o texto não seria publicado. Duas horas depois regresso, vamos ver como digo isto, mas acho que as 3 imagens já provocam engulhos.
Q uando um partido promete, em campanha, 1.200€ de salário mínimo regional, cria uma expectativa clara, a de que reconhece que o custo de vida na Madeira é alto e que os trabalhadores merecem mais do que o mínimo nacional. Para quem reclama com a ultraperiferia para obter dinheiro trata os seus habitantes como estrangeiros do centro da Europa? Prometer é um compromisso político e, acima de tudo, um compromisso moral com quem vota. O problema é que pelo menos esses dois dizem tudo o que for preciso para ter votos e não se importam que vão defraudar porque depois o povo esquece e cai de novo.
Depois do "1200", vem outro parceiro da coligação afirmar que 65€ de aumento” é suficiente. Suficiente para quem? Para as famílias que tentam pagar renda, alimentação, transportes e energia? Nem todos têm um pé de meia de um milhão com desconto na habitação pelo cargo que ocupa...
Dizer que 65€ é bastante quando se prometeu 1.200€ é quase admitir que a promessa eleitoral serviu apenas para captar votos, não para melhorar a vida dos madeirenses. É exatamente este tipo de contradição que desacredita a política. O Chega esfrega as mãos com estes cínicos partidos tradicionais.
"Suficiente"? Então que seja suficiente para eles também. Baixem os vencimentos como solidariedade. Um agarrado e outro das cotoveladas por lugares, com segredinhos até com o partido por lugares e vencimentos. Quando governantes ou dirigentes partidários dizem que 980€ ou um aumento de 65€ “chega”, estão a falar sempre do dinheiro dos outros — nunca do deles.
Os seus próprios vencimentos não são 980€, não levam apenas 65€ de aumento, incluem ainda benefícios, ajudas de custo, deslocações, refeições e representações, tudo pago pelo erário público. Quem sabe como compensam os jeitinhos, a concessões sem concurso ou ajustes directos.
Se afirmam com tanta convicção que o salário mínimo é suficiente, então deveriam ser os primeiros a dar o exemplo, 980€ com ajudas de custo, deslocações, refeições e representações, continuariam em patamar superior de regalias em comparação com todos.
A verdade desconfortável é que o trabalhador madeirense continua a pagar mais por bens essenciais, ter salários que não acompanham a inflação, depender de transportes caros e enfrentar rendas em subida constante.
Esta contradição entre prometer 1.200€ e depois defender que 65€ chega não é apenas incoerência política, é uma ilusão eleitoral que mina a confiança dos cidadãos. Quando é que o madeirenses vai parar de acreditar em promessas e avaliar o mandato anterior? É mais seguro. Já não têm pudor em mentir.


