A extinção da borboleta-branca-da-Madeira, certamente alteração do habitat.



Primeiro vão eles, depois vamos nós.

Q ualquer desaparecimento na biodiversidade é o fim de um ativo que nos ajuda a compreender o mundo e a nos adaptarmos melhor a ele para sinergias. Estive a tentar reunir elementos, não é fácil nesta terra de gente superior que esconde a verdade e divulga a propaganda. Lastimo que seja de novo a comunicação social do continente a trazer a novidade.

O que recolhi diz muito sobre o que se passa na Madeira, e dá razão a muitos que escrevem sobre a insustentabilidade em que a Madeira se meteu.

O habitat natural da borboleta-branca-da-Madeira (Pieris wollastoni) era (porque extinta) a Floresta Laurissilva, era "da Madeira" porque era uma espécie endémica da Madeira, não existia em mais lado nenhum do mundo. Portanto, o seu habitat estava estritamente ligado a este tipo de floresta nativa, Laurissilva. Significa que houve mudanças significativas, no habitat que levou à extinção da borboleta.

A borboleta estava maioritariamente confinada aos vales do norte da Madeira em altitudes médias. A degradação do habitat (a Laurissilva) deve-se à introdução de espécies invasoras, como a borboleta-branca-da-couve (Pieris rapae), que pode ter introduzido doenças virais para as quais a espécie nativa não tinha resistência. Reparem num pormenor, declara-se agora extinta porque desde 1986 que não se regista nenhuma, portanto, este problema de habitat deixa qualquer um apreensivo, para o ano que vem faz 40 anos.

A lagarta desta borboleta alimentava-se de plantas como a couve (Brassica oleracea), nas culturas limítrofes, as mudanças nos usos do solo podem ter alterado a disponibilidade das plantas hospedeiras da lagarta, portanto, falamos de Laurissilva e Agricultura. A urbanização, degradação da floresta, abandono dos cultivos orgânicos, o pastoreio e as queimadas/incêndios, estão certamente nas primeiras condições de influência humana para a extinção. Como vamos para pior, teremos mais deceções.

Os processos de fragmentação da floresta reduzir a densidade de vegetação hospedeira para as lagartas, espero que se lembrem do que andam a dizer da "estrada" das Ginjas. Conservem a floresta una e húmida.

Encontrei um pormenor nas minhas leituras, houve uma borboleta introduzida, uma parecida, a pequena borboleta branca (Pieris rapae) nos anos 1970, é uma hipótese importante no conjunto das mudanças do habitat,. Pode ter trazido uma estirpe de vírus (granulose vírus) da qual a Pieris wollastoni não tinha resistência. As vespas, que têm aumentado, atacam lagartas. Não vi mais pormenores sobre isto.

Se a borboleta vivia numa determinada cota (650mt), significa que já tinha habitat reduzido, qualquer novo inimigo teria impacto mais severo. Se os incêndios aumentam, significa que a condição de secura aumenta a par de descuidos e maldade humana, com o aquecimento/alterações climáticas, os habitats de altitude podem mudar ou tornar-se menos adequados para a espécie.

A fragmentação do habitat não é só por estradas, também por construção quando muitos "palheiros". E o que dizer dos fenómenos como poluição por pesticidas/herbicidas, como uma ameaça geral para borboletas, lembram-se o Glifosato? Ainda usam?

Há esperança que ainda apareça um nicho? Ninguém acredita porque houve uma busca desde 1986 e ainda mais intensiva recentemente, não foi encontrado qualquer exemplar, o que aumentou a certeza da extinção. Numa ilha relativamente pequena, a combinação de pressões humanas e biológicas pode levar a extinções quando não há proteção ativa do habitat e monitorização. Todos sabemos que depois da Covid parece que "enlouqueceram", estamos em processo de insustentabilidade que vai dar "resultados".

É pensa que saibamos disto pela comunicação social do continente, por cá só sai que a Perdiz da Madeira tem ADN exclusivo, só há superlativos.