Depois do despesismo, as lições de moral.



Estamos cada vez mais próximos de ver a propaganda cair.
Afinal são gestores medíocres.

iguel Albuquerque voltou a erguer a bandeira da revolta contra Bruxelas, indignadíssimo porque a Comissão Europeia ousou sugerir que as RUP não deviam funcionar como caixas multibanco infinitas. Claro que isto, na visão do líder madeirense, é uma afronta intolerável, afinal, como é que se vai manter a nobre tradição regional do despesismo, sobretudo porque a UE tratava dos pobres e ele dos ricos

40 anos de pipeline a jorrar e a Madeira dos superlativos, dos superavits e do desenvolvimento afinal é uma economia de estufa com um governo que nunca emancipou o madeirense para tempos agrestes. A Madeira limitou-se a gastar dinheiro e não a infraestruturar as suas gentes como Albuquerque faz ao golfe.

Entre queixas de “violação do Tratado” e discursos contra a “arrogância tecnocrática”, Albuquerque pinta um cenário dramático, se Bruxelas cortar fundos, a Madeira arrisca-se a enfrentar o terrível destino de… ter de gastar o dinheiro com moderação. Horror! Quem imaginaria semelhante crueldade? Albuquerque é bipolar, do ótimo para madeirense ver e da realidade para continuar a receber dinheiros.

Aparentemente, a Comissão não percebe que cada novo campo de golfe é um investimento estratégico de categoria máxima, mesmo que depois fiquem às moscas. Para Albuquerque isto é civilização, é visão, é progresso. Já a ideia de usar fundos europeus de forma mais focada e racional é uma heresia perigosa, claro.

Albuquerque ergue-se como cavaleiro destemido, pronto a salvar a Madeira da opressão de Bruxelas, enquanto ao fundo se ouve o eco das retroescavadoras a preparar terreno para mais uma infraestrutura desportiva milagrosamente financiada. Porque se há coisa que a Europa não entende, é que a verdadeira alma ultraperiférica se mede em relva, por agora, isto é de modas.

Não fizemos pé de meia, não emancipamos a população, insistimos num modelo que produz pobres, de monoculturas de turismo e obras que não nos levarão a um futuro melhor. Precisamos de outra gente e enterrar esta era.

Albuquerque já vive no seu mundo na Madeira, mas na Europa não fica atrás, alguém deve estar a notar. Quando isto apertar os críticos vão ganhar toda a razão e a propaganda cai redonda.

Preparem-se para novos tempos, para uma economia de guerra e de necessidades.