Vamos ver se tenho razão, aceitam o desafio?
O s tempos como estes que vivemos e outros ainda mais calmos, são um verdadeiro desperdício na avaliação continua dos partidos políticos. Temos Presidenciais dentro de pouco tempo, mas são eleições onde os partidos pouco lhes toca, acaba sendo de calmaria, mas há ainda "piores" sem vislumbre de eleições à porta.
Os partidos pequenos parecem aqueles cruzeiros baratos de uma semana, em que se põe os pés numa escadaria Swarovski para a fotografia, alguns ficam embevecidos, mas a companhia não pode ir mais além porque não têm "munições" para manter os passageiros ativos, em ambientes sempre diferentes, pela animação, atividades e espetáculos. Um investimento a despachar e a facturar.
Há muitos partidos pequenos que, ou se ausentam ou têm um único elemento a puxar pela carroça, o resto tem a sua vida laboral e familiar, não têm mais tempo do que aquele gesto de amizade ou de ausência do trabalho previsto pela lei como candidato.
Depois temos outros, com um pouco mais de estrutura, mas que lhes falta a convenção de dinheiro por votos que faz organizar um partido com as suas necessidades. Temos, na mesma dimensão, outros do mesmo tamanho em processo de decadência, têm dinheiro, têm estrutura, mas não mudam de caras, discursos e dogmas, defeitos que não são exclusivos.
Temos ainda partidos mais acima, fruta da época, com várias escadarias Swarovski a cintilar para a fotografia, parece um desfile de moda mas sem discurso, sem conteúdo, sem futuro e que valem pelo foguetório que, quando descobertos pelos próprios, até aparece o helicóptero para retirar uma baixa em alto mar. Imprensa e dissidentes explicam a sua verdadeira natureza.
Temos outros um pouco mais acima, vivem da casa feita, de dirigentes e eleitores fidelizados. mas cada vez menos, por ideologia e histórico, uma história de sempre os mesmos, um never ending story, onde o partido parece um Centro de Emprego, a verdadeira função. Um partido o quanto baste que não tendo escadarias Swarovski vai colecionando resultados maus, mas que chega para uns empregos para a equipa da base.
E vamos subindo, um que alcançou uma estabilidade de partido pelas pelinhas, com algumas escadarias Swarovski, mas onde as narrativas sobem e descem, qual disco riscado ou refeição requentada, sempre pelas mesmas escadarias que lhes deu sucesso com pouca inovação. São uma imitação do PSD, com uma fórmula que deu votos porque a população é pouco ou nada exigente. Vivem a se defender dos ataques ao sistema, num jogo onde também atiram a ver quem faz mais mossa. Eu diria que, quem tem poder, tem mais perdão por poder comprar e porque é uma tradição errante, estatuto que o partido challenger ainda não atingiu, até porque não tem a comunicação social. Basta um deslize, uma arrogância, um eleitorado que se cansa por falta de concretizações que chegam ao ponto de abandono da moda. A fórmula sem poder costuma esmorecer por falta de aliciantes a tantos que salivam.
Por fim chegamos ao glutão, com dinheiro lícito e ilícito, cães de fila, caciques, comunicação social que se enquadra no mesmo âmbito e faz eco. Têm lugares pagos para domar apetites e ambições, Ferreros Rocher o ano todo, muita gente sem escadarias Swarovski, um costume enraizado onde nem os mais malvados desbancam votos, porque há muitos anos vão mostrando que, com mais ou menos arrufos, há uma consistência que outros não têm. Dinheiro e poder, um cuspo que cola. Até ao dia... permanentemente errante e em condescendência por falta de melhor. Esta última frase é o estado estável de partido e eleitorado pela qual nada muda, não oferece qualquer futuro em todas as áreas e isso mata. Basta-lhes alimentar e olear a máquina, com dimensão de autossuficiência.
Os tempos mortos devem ser de inovação e alicerces nos partidos que não têm poder. Tempos onde se fundam grupos locais, embriões de candidatos que se preparam e arrebanham pessoas, tempos de sanar confusões internas para que, chegadas as campanhas exigentes, Regionais e Autárquicas, haja gente que dê dimensão ao partido pelas candidaturas que apresentam e idoneidade pelo trabalho feito, nunca um aparecimento fugaz de interesse momentâneo, como aquele que vemos pelas redes sociais num verdadeiro frenesim de última hora.
Falta consistência, quadros, idoneidade e trabalho feito a muitos partidos. Até porque as pessoas não acreditam. Fazer acreditar também é trabalho dos tempos mortos. Sempre os mesmos, no palco do abate momentâneo da comunicação social, do partido maior, é caminho para a forca. Afinal todos gostam de tempos mortos, o quanto baste da política que dá pouco trabalho.
Se não conseguem sequer a dimensão regional, desafio ridículo, é como o Governo que não governa para todos os madeirenses. Quem chega sempre mal a eleições está em Time Out constante na escadaria Swarovski.
