O Serviço Nacional de Saúde está a cair aos pedaços, e o Governo finge que não vê. Vamos ao essencial, dito de forma simples e direta: salários miseráveis, turnos desumanos e zero condições fazem fugir médicos, enfermeiros e auxiliares. Isto não é ciência oculta, é lógica básica. Mas parece que quem manda no SNS vive num mundo paralelo onde trabalhar 24 horas seguidas é “normal” e chamar a isto serviço público é “moderno”.
1. DEFINIR:
Quando falamos de “crise no SNS”, falamos de falta de pessoal porque ninguém quer trabalhar num sistema que trata profissionais como máquinas. “Atrair trabalhadores” significa pagar melhor e dar horários humanos. Simples.
2. ANCORAR:
Pergunta fácil: quem aguenta 24 horas num turno? Quem aceita receber menos no público quando o privado paga mais? Todos entendem isto — menos quem decide.
3. ESTRUTURAR:
- Premissa 1: baixos salários afastam profissionais.
- Premissa 2: turnos brutais afastam profissionais.
- Logo: o SNS perde profissionais porque o Governo não resolve salários nem horários.
- É matemática social, não magia negra.
4. FORTIFICAR:
Nada disto se contradiz. Se o Estado forma médicos com dinheiro público, é razoável pedir que sirvam no SNS por alguns anos. É assim em vários países civilizados. Mas aqui prefere-se empurrá-los para o privado e fingir surpresa quando as urgências fecham.
5. JUSTIFICAR:
Prova? Obstetrícia fechada. Grávidas a correr quilómetros sem saber onde vão parir. Médicos exaustos. Enfermeiros a fugir para fora. O mapa da saúde parece uma lotaria macabra: “qual hospital estará aberto hoje?”
6. TESTABILIZAR:
Se o Governo aumentasse salários, reduzisse turnos e criasse regras claras para retenção de médicos, o problema diminuiria. Mas não faz. Logo, confirma-se: não é incapacidade — é escolha política.
7. FUNDAMENTAR:
Princípio final: a saúde é um direito universal. Não é um luxo. Não é um negócio. Não é para brincar.
O país parece cada vez mais um laboratório de experiências absurdas: privatiza-se o que funciona, destrói-se o que é público e depois culpa-se o “destino”. Portugal é União Europeia no passaporte, mas no SNS parece pré-1974. As pessoas não são números. Não são peças. Não são descartáveis.
Nós queremos um SNS vivo, forte, digno. Eles parecem querer um SNS fraco, caro e entregue aos privados.
Por isso dizemos claro, simples e sem floreados: Salvem o SNS! Parem de brincar com a saúde dos portugueses!
António Rafael Baruch Shalit
Nota: O Serviço Nacional de Saúde (SNS) afeta intrinsecamente a Região Autónoma da Madeira, pelo que a sua situação e desafios constituem, inequivocamente, uma realidade madeirense.
