Ventura: o chihuahua parlamentar e o trauma do kebab


A nação assiste a uma epopeia política que, em rigor, é uma tragédia cómica patrocinada por gordura saturada e carências afetivas. O nosso protagonista, André Ventura, não compreende o que é um Presidente da República. Para ele, o PR é um mero figurante com megafone e imunidade, talvez o chefe do seu fã-clube – ou, no máximo, um rival na corrida ao título de “Mais Barulhento de Portugal”. O conceito de Magistrado de Influência é um mistério institucional para quem só entende o que dá likes e buzz. A moderação é um ataque pessoal; o palco é a única métrica. Falta de noção? Total.

A sua mais recente ambição, ser PR, não é política; é pura e simples inveja do jet lag. O homem está farto de andar de carro. O objetivo? Viagens internacionais pagas, catering de luxo e o tapete vermelho. Não é um programa ideológico, é um programa de milhas aéreas vitalício disfarçado. O Ventura quer o cargo não pelo país, mas sim pelos vistos no passaporte e a possibilidade de criticar a Europa a partir de um lounge de primeira classe. É a primeira vez que se vê uma candidatura movida a wish list de férias e, claro, à fome. A sua ambição é duplamente subversiva: comer hambúrgueres à borla no estrangeiro e fazer turismo político à nossa custa. O contribuinte paga o avião, o Ventura engole o hambúrguer. É o PR Low Cost que se torna All Inclusive com o nosso dinheiro. Prioridade clara: comer bem e viajar sem pagar.

Esta visão distorcida do mundo não é de estranhar. O Ventura e a Geografia têm uma relação profundamente tóxica. No seu Atlas do Absurdo, a África é apenas um bairro no Brasil, a Suíça é a agência bancária da esquina, e a Alemanha é uma subseção da Áustria em França. O mundo é um supermercado: a Turquia é um Kebab, Cuba é um charuto, e a Holanda, imagine-se, é uma marca de erva. Para ele, cada país é um produto de nicho ou um estereótipo preguiçoso. Não é falta de Geografia, é perspetiva de consumo.

Mas a verdadeira génese da sua histeria reside no trauma. A sua raiva pelo Bangladesh não é política; é trauma amoroso e gastro-afetivo. O ódio nasceu, segundo se consta, numa festa de feijoada, onde o álcool e o feijão preto o levaram a uma paixão fugaz e à posterior desilusão com a descoberta da “surpresa de género”. A xenofobia é apenas a terapia de choque pública para o seu coração partido. Quem diria que a política de imigração era movida a ressaca e ao “efeito colateral da bebida misturada com paixão Trans”? A culpa é do arroz de frango!

Perante tal vazio intelectual, resta-lhe berrar. O Ventura usa o grito para compensar a sua ignorância. Não é política, é uma birra adulta com microfone. A sua incompetência é tanta que a apresentação de soluções credíveis o levaria, previsivelmente, à combustão espontânea. Ele não quer soluções porque isso cansa os pobres neurónios; a prioridade é a saúde mental (animal). O risco de overheating cerebral é real; por isso, berra mais do que pensa.  E é esta imaturidade crónica que o eleva acima de um miúdo de cinco anos, que, pelo menos, sabe as cores e não precisa de berrar para provar a sua superioridade intelectual.

Isto leva-nos ao cerne da questão: o Ventura quer prender a Matemática. Sim, a Álgebra e a Geometria são as novas inimigas da nação. Se não há números, não há dívida. É a solução de génio que só a ignorância consegue gerar.

Mas o grande segredo é que tudo é um disfarce. A candidatura a PR é um escudo. O objetivo final é ser, na verdade, o Presidente do Benfica. A política é só o pre-match para a tragédia desportiva. E enquanto berra e sonha com o Estádio da Luz, o Ventura está no Banquete do Estado desde 2019, a mamar os seus €4.603,58 brutos mensais. Ele é contra o Sistema, mas mama dele religiosamente. É o Parasita Parlamentar, o “malandro” que descobriu que a política é o último recurso para quem não gosta de trabalhar a sério. Sem ela, era só um Chihuahua com micropénis e gritaria crónica, a viver no fundo de uma tasca escura. A política salvou-o do vinho-água-pé e do hospício do canil. O berro é o mecanismo de defesa.