Às vezes, a memória humana é curta, e este traço parece ser particularmente acentuado no povo desta ilha.
N ão há muito tempo, assistiu-se a uma torrente de críticas, acusações e insinuações dirigidas à gestão de uma da secretaria, mais especificamente, à secretária. Ora, passados apenas alguns meses, é curiosa a constatação de que o cerne do problema daquela secretaria parecia ser um só: a exigência de execução das tarefas diárias.
O que muitos pareciam realmente ambicionar era o vencimento no dia 20 com o mínimo esforço possível (obviamente, com as devidas exceções). E quando lhes foi solicitado o cumprimento dos seus deveres, a resposta foi uma enxurrada de reclamações, prontamente noticiadas aqui. Torna-se fácil o papel de "vilão" quando a única exigência é fazer o trabalho para o qual se é pago.
A secretaria em questão está, de facto, minada por vícios e inércias de décadas. O maior deles é o esforço em não fazer nada, em passar despercebido. Os trabalhadores são a primeira camada, mas a podridão estende-se aos superiores, aos dirigentes (também com exceções). Existia um grande descontentamento e, agora, com a mudança das figuras centrais, o silêncio instalou-se como se nada tivesse acontecido.
Afinal, se antes estava tudo mal e agora está tudo bem, o que realmente mudou?
A resposta é, infelizmente, simples: a chegada do novo número 1 e número 2 (em 90% dos casos, a número 2) trouxe uma gestão que se limita a não "mexer muito" no status quo. Assim, todos ficam contentes, o trabalho efetivo continua escasso ou nulo, e a nova chefia tem menos dores de cabeça.
Este nível de serviço público é ZERO, mas isso parece não interessar. Afinal, basta que os ditos números 1 e 2 compareçam a alguns eventos, distribuam sorrisos e publiquem as fotos nas redes sociais. O cidadão mais desatento faz a "matemática complicada" de 1+1: se antes reclamavam e agora calam, e se agora é só festa no Facebook, então "está tudo bem".
Mas a verdade é que não está, e quem mais sentirá o impacto desta inação são aqueles que necessitam que a secretaria funcione, não a plateia.
O número 1 e, sobretudo, a 2, alimentam-se dos bajuladores, dos que muito falam e pouco fazem, dos que exibem trabalho alheio. Dos que minam, criticam e vivem de mexericos. Continuar a alimentar esta cultura de "fala-baratos" é um caminho que já está a correr mal.
Voltamos ao ponto de partida: “Volta Rafaela”.
Poderia ser dura, ter muitos defeitos, mas a sua administração exigia trabalho e, crucialmente, sabia separar os profissionais dos bajuladores. Sabia distinguir quem queria, de facto, trabalhar daqueles que apenas usavam a adulação e a intriga para ascender.
Quem está no poder deve ser isento. Deve estudar e analisar criticamente todas as situações e pessoas, tirando as suas próprias conclusões, em vez de se guiar por informações filtradas ou pelos "telefones estragados".
A nossa Região está num frenesim. O que importa é a função pública eficiente, não a popularidade efémera.
