E, a máscara de José Carlos Gonçalves caiu com a "estrada" das Ginjas.


L embram-se do meu texto que provocou azias: "A máscara de José Carlos Gonçalves cai com a "estrada" das Ginjas."? (link) Cada vez mais ficamos com a impressão de que vale tudo para chegar ao poleiro, ainda bem que foi o Chega, é tempo de acabar com a demagogia e populismo. Portanto, tanta briga era pelos lugares e não por outra gestão? Afinal foram umas eleições de acertos de contas entre iguais?  Posso vaticinar o resultado da auditoria? Uma montanha vai parir um rato.

Com as primeiras críticas depois de um mês de mandato, abriram os braços e disseram calma, ainda não há tempo. Com um mês não se decide as traves mestras? Mas façamos o favor de deixar essa  questão para segundas núpcias, o que se pode já abordar é um ponto crucial sobre a coerência política e a ética na gestão pública, especialmente no que diz respeito a projetos controversos como a asfaltagem da Estrada das Ginjas. Não se trata de uma simples questão de "idoneidade" em termos absolutos, mas sim da forma como a opinião pública e a lei avaliam a manutenção de posição de um político em relação a um projeto anteriormente criticado e defendido pela câmara anterior. José Carlos Gonçalves não tem qualquer dúvida repete a posição da gestão anterior do PSD-M.

Acusar a gestão anterior de corrupção ou má gestão e, em seguida, adotar um projeto do PSD-M, levanta sérias dúvidas sobre a credibilidade do político. O Presidente da Câmara deve explicar de forma transparente a razão da manutenção favorável à obra. 

A perspetiva da corrupção (o termo mais grave)... Se José Carlos Gonçalves acusou o projeto anterior de ser sinónimo de corrupção (o que implica um benefício pessoal ou indevido), a adoção do projeto coloca-o numa posição extremamente vulnerável. Se ele agora defende o projeto, a opinião pública pode inferir que, ou ele mentiu ao acusar a corrupção da câmara anterior, ou ele próprio se tornou parte do alegado esquema de corrupção que permite que o projeto avance. Então, do que se compõe a limpeza e mudança radical. Às vezes parece que o Chega usa frases fortes, é eleito e depois faz fretes ao PSD. Repete a fórmula em novas eleições. Nesta semana, na ALRAM, sentimos isso com o Chega a atacar a oposição em vez de atacar o PSD

A principal acusação de ilegalidade contra o projeto original da asfaltagem das Ginjas (promovido pelo Governo Regional) não se focava em corrupção financeira, mas sim em violação de normas ambientais e patrimoniais. A estrada das Ginjas atravessa a Floresta Laurissilva, classificada como Património Mundial Natural pela UNESCO e incluída na Rede Natura 2000. As organizações ambientais apontam para a falta de justificação clara para a pavimentação e para a insuficiência dos estudos de impacto ambiental (EIA) para salvaguardar o património natural. Recordam-se do EIA manhoso da "mulher do UNESCO"? Afinal esta gestão não se ataca porque não tem corrupção?

Agora vamos assistir ao feito de claque do Chega a fazer o mesmo que o PSD, mas com o Chega está certo e é bom. Precisamos de coerência no Chega, senão, fazendo igual ao PSD, sendo uma cópia, nas próximas eleições autárquicas, com o PSD limpo e organizado, vai afastar o Chega e regressar à CMSV.