Na quinta-feira 11 de dezembro é melhor ficar em casa, a Greve Geral será significativa.


U ma Greve Geral em Portugal é algo singular que acontece por motivos que afetam todos os trabalhadores, em geral. A data da última greve geral em Portugal, antes da que está prevista para 11 de dezembro de 2025, foi a 27 de junho de 2013. Na altura, esta greve, uniu também as duas principais centrais sindicais (CGTP e UGT), foi a última de uma série de paralisações realizadas durante o período da Troika (assistência financeira) e do Governo de Pedro Passos Coelho, o insensível social, em protesto contra as medidas de austeridade e as alterações à lei laboral, que se veio a saber que foram além dos solicitado pela Troika.

Se olharmos especificamente para a união das duas centrais sindicais CGTP e UGT, a greve de 11 de dezembro de 2025 será a primeira vez em 12 anos que estas duas estruturas avançam em convergência para uma paralisação geral, as últimas foram:

  • 28 de março de 1988
  • 24 de novembro de 2010
  • 27 de junho de 2013

Esta greve, por muito que lhe custe o dinheiro que perde no dia, vale a pena aderir porque está em causa algo superior nos próximos anos. O motivo principal é o protesto contra o Pacote Laboral (também referido como "Trabalho XXI") proposto pelo Governo, que os sindicatos consideram um "retrocesso civilizacional" nos direitos dos trabalhadores. Já se percebe que vai ter grande adesão

Nos Transportes a adesão será forte. Afetará o setor aéreo (a TAP já anunciou cancelamento de voos), ferroviário, rodoviário e metropolitano. Na Madeira, deve contar com perturbações e cancelamentos nas carreiras da Horários do Funchal no dia 11 de dezembro. O Sindicato Nacional de Motoristas e Outros Trabalhadores (SNMOT), que representa os trabalhadores da HF e de outras empresas de transportes na Madeira, aderiu formalmente à greve geral. Portanto, é certo que o serviço de transporte público no concelho do Funchal será fortemente afetado, com perturbações e cancelamentos.

Na Saúde prevê-se uma adesão significativa. Hospitais e centros de saúde terão a adesão de profissionais. Na Madeira, o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), que representa os enfermeiros no setor público (incluindo a Madeira), anunciou a sua adesão à greve geral. A União dos Sindicatos da Madeira (USAM) têm apelado aos trabalhadores do SESARAM para que adiram "massivamente" à greve geral, realçando as dificuldades específicas na Região, como a falta de profissionais que este novo pacote laboral vai piorar. Tenham em atenção aos precedentes, as greves anteriores na saúde da Madeira já registaram uma adesão significativa, por vezes superior a 75% em algumas categorias, como os enfermeiros.

Na Educação espera-se o encerramento de muitas escolas devido à adesão de professores e funcionários não-docentes. Na Madeira terá uma adesão significativa à greve geral de 11 de dezembro, sendo esperadas fortes perturbações, com o encerramento de muitas escolas. Atenção que nesta área é dose dupla, a situação é reforçada pelo facto de o Sindicato dos Professores da Madeira (SPM) ter convocado uma greve regional adicional para o dia 12 de dezembro (sexta-feira). Visa reivindicar questões específicas da Região Autónoma da Madeira, como a regularização da Carreira Docente da RAM e a contagem do tempo de serviço. O setor da Educação na Madeira será provavelmente um dos mais afetados, com o serviço em creches, escolas e universidades a operar com fortes limitações no dia 11 e, previsivelmente, também no dia 12 que já tem o pré-aviso de greve.

Serviços Públicos terão uma adesão abrangente. Inclui a Administração Pública Central, Regional e Local, Justiça (tribunais), Finanças e Segurança Social. Nesta área, excluindo a educação e saúde de que já falei, quero salientar...

  • A Justiça (Tribunais): O Sindicato dos Funcionários Judiciais (SFJ) e outras estruturas apoiam a greve geral. Embora não haja serviços mínimos específicos decretados para o dia 11 na Justiça (no âmbito desta greve geral), a adesão poderá atrasar processos e limitar o funcionamento normal dos tribunais. De notar que os atos urgentes (como os que envolvem crianças em perigo) têm de ser assegurados. Os Funcionários Judiciais, o Sindicato de Funcionários Judiciais (SFJ) informou que não existia indicação de fixação/aplicação de serviços mínimos especificamente no âmbito da Greve Geral da CGTP/UGT, mas sim para a greve do SITOPAS no dia 12
  • Administração Local e Regional: Espera-se adesão em Câmaras Municipais e na Administração Pública Regional (direções regionais, serviços centrais). Há registos de adesões consideráveis em greves anteriores na limpeza urbana e serviços das autarquias.
  • Centro de Abate da RAM (CARAM): Esta é uma área sensível na Madeira. O Governo Regional costuma decretar serviços mínimos obrigatórios para o CARAM (Centro de Abate da Região Autónoma da Madeira), por ser um serviço de interesse público e monopólio, para evitar o abate informal de animais e salvaguardar a saúde pública, apesar das contestações sindicais.

Na Banca é previsível adesão seja significativa porque os sindicatos do setor alertam que o Pacote Laboral do Governo é altamente lesivo para os bancários, nomeadamente ao permitir o outsourcing de serviços e ao aumentar a flexibilidade dos horários (banco de horas individual), resultando em maior imprevisibilidade

No setor da comunicação/jornalismo como se venderam ao poder estão bem, vão dar notícias, se calhar não porque a paralisação não lhes interessa noticiar, até porque estão amarrados curtos.