A nudez pública não é um capricho moderno. Na Europa, é uma prática integrada em tradições culturais, espaços regulados e movimentos sociais. De Portugal à Finlândia, passando pela Alemanha e pelos Países Baixos, a nudez é encarada como parte de um estilo de vida centrado na liberdade, na saúde e na aceitação do corpo.
Portugal tem nove praias oficiais de naturismo, reconhecidas pela Federação Portuguesa de Naturismo, em locais como a Praia da Adiça, a Praia de Afife ou a Estela. França destaca-se com Cap d’Agde e a Île du Levant, dois destinos históricos do naturismo europeu. Em Espanha, regiões como Almería tornaram-se referência, enquanto a Irlanda oficializou espaços como Hawk Cliff, em Dublin. Na Suécia, a Ågesta Beach mantém o estatuto de única praia nudista oficial.
A nudez é também uma prática comum nas saunas finlandesas, onde a tradição dispensa fatos de banho. Na Alemanha e na Áustria, muitos spas — as conhecidas thermen — exigem nudez nas áreas de sauna para garantir higiene e conforto.
A cultura da nudez tem ainda expressão em eventos públicos. O World Naked Bike Ride reúne milhares de participantes em cidades como Londres e Amesterdão. O objetivo é claro: protestar contra a dependência de combustíveis fósseis e promover a segurança dos ciclistas, celebrando ao mesmo tempo a positividade corporal.
A televisão europeia acompanha esta naturalização. Programas como Naked Attraction — com versões no Reino Unido, Alemanha, Escandinávia, Itália e Europa de Leste — exploram encontros baseados na transparência física. Produções como Adam Zkt. Eva ou documentários do canal Arte mostram a diversidade de abordagens ao naturismo.
O nudismo é mais do que ausência de roupa. Defende a aceitação corporal, a socialização não-sexualizada e a harmonia com a natureza. Os praticantes referem benefícios como menor ansiedade social, maior autoestima e uma relação mais saudável com o corpo. Estudos citados pela Federação Internacional de Naturismo indicam níveis superiores de bem-estar entre naturistas face à população em geral.
Nas praias, campismos ou saunas, as atividades são simples: nadar, caminhar, relaxar ao sol, conviver. A nudez não é o foco; é o contexto. O objetivo é permitir uma convivência mais autêntica, sem as pressões estéticas e sociais que muitas vezes moldam a vida pública.
A Europa demonstra que a nudez social, quando enquadrada, é parte de uma cultura vasta, regulada e diversa. Não é provocação: é tradição, escolha e liberdade informada.
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