Madeira: o consumismo e a guerra hibrida à porta.


Olá leitores e, se possível, madeirenses.

O meu texto talvez seja desinteressante para alguns e importante aviso para outros. Vivemos numa ilha ao lado da realidade, o que é mau porque vai surpreender alguns. É crucial analisar o consumismo de Natal na Madeira à luz dos desafios económicos e geopolíticos crescentes, como a guerra híbrida, que inevitavelmente vão impactar a ilha.

O Natal na Madeira é caracterizado por um consumo que vai além dos bens materiais, sendo fortemente ancorado no turismo, na gastronomia e nas experiências sociais, mas todas elas gastam dinheiro. O Natal madeirense é uma das quadras mais celebradas, pelas Missas do Parto e pelas Noites do Mercado, tradições que potenciam o consumo, seguido da passagem de ano, marcada pelo fogo de artifício, o que apela ao consumo de lazer.

Ainda vamos a tempo, contenha-se e faça uma reserva, se puder, com seu subsídio de Natal. Ninguém gosta de falar disso nesta alegoria do alheamento da Madeira, mas a guerra híbrida também chega à Madeira, não é lá longe. A guerra híbrida pode combinar com ações militares convencionais, no entanto suporta-se na desinformação, ataques cibernéticos, pressão económica e manipulação política, com o objetivo de desestabilizar um adversário sem recurso a uma declaração formal de guerra. O problema é que também chega aqui por efeito dominó. Sabem do que temo? Da nossa exposição porque pusemo-nos a jeito com as censuras, corrupção e com episódios de russos a lavar dinheiro da mineração na Ucrânia realizada na Madeira. A Madeira, como região insular e turística, não está imune às consequências desta nova forma de conflito.

Reparem que já fomos atacados (Sesaram) e eles podem estar vaguear pelas nossas redes sem ninguém se dar conta, falo das ameaças cibernéticas. Lembrem-se da quantidade de telefonemas que recebemos para nos sacar dinheiro. A Madeira, como centro de dados e passagem de cabos submarinos, com uma administração pública digitalizada, é um alvo potencial para ataques cibernéticos, sobretudo nas negociatas internacionais (CINM). Eu poderia desenvolver, mas não quero anunciar fragilidades claras...

As guerras híbridas afetam as cadeias de abastecimento globais, resultando em escassez e aumento de custos (inflação) de bens, matérias-primas e energia. Para uma ilha que depende da importação de bens, é um vetor de vulnerabilidade económica. Percebem como a guerra não é lá longe?

Geralmente pensamos que somos um cantinho do céu, mas uma crise de segurança ou uma ameaça geopolítica percebida na Europa pode levar a uma quebra na procura turística (principal motor da economia madeirense), o que teria um efeito dominó catastrófico no emprego e no rendimento da Região... porque tivemos a doideira de insistir até à monocultura. Reparem que se a perceção de guerra híbrida for dura nos mercados emissores de turismo, ficaremos tão em guerra quanto eles.

O consumismo natalício de 2025 na Madeira insere-se num contexto de aparente normalidade festiva, mas com uma necessidade subjacente de prudência económica por parte das famílias. A Madeira deve preparar-se ativamente para os tempos difíceis que se avizinham, não com o pânico de uma invasão militar, mas com a preparação para uma desestabilização contínua e multifacetada que afetam uma ilha que nada produz e depende de fora com um mercado pequeno. De novo, fica a lição de que o investimento público e privado não se deveria focar apenas no lazer e consumo, mas na proteção das infraestruturas críticas e na diversificação das cadeias de abastecimento para proteger a estabilidade económica.

Somos um trapézio sem rede na guerra híbrida. Isto não é teoria da conspiração, quem não está anestesiado pelo ambiente regional sabe... Já pensaram como países europeus se preparam e avisam suas populações?