Múúú pra ti também.

 

C omeçamos a ter greves a valer, acho que mais do que trabalho dos sindicatos é a população não poder mais aguentar a carestia com os vencimentos que recebem. Dizem que a paralisação no Centro de Abate da Madeira que pode deixar a tradicional “Festa” com menos 50 toneladas de carne. Isto não é pouca coisa, mexe com produtores, consumidores, restaurantes e até com o simbolismo cultural da época. Para a RAM, cuja relação com a gastronomia festiva é quase religiosa, isto é praticamente um abalo sísmico emocional. Agora os pequeninos que não se notam fazem falta?

Para quem ler a notícia vai ver que o cenário administrativo é quase uma novela. Embora muitos trabalhadores tenham aderido à greve, parte das ausências foram justificadas com declarações de doença, o que o presidente do conselho de administração comenta de forma pouco subtil. Isto adiciona uma pitada de drama administrativo que parece saída de um episódio de comédia laboral. 

Se a greve durar até 23 de dezembro, os produtores podem ter prejuízo elevado, com animais alimentados sem poderem ir para o mercado. É dinheiro parado, literalmente a pastar. Quantos contavam com esse dinheirinho da “Festa”?

Há acusações de falhas no cumprimento de serviços mínimos, divergências com o Governo Regional e, claro, a promessa de manifestações. A frase “Todos à rua no próximo dia 11” mostra que este conflito não é só sobre carne, é sobre condições laborais, autoridade e reconhecimento. Mas claro que alguns tentam por o consumidor contra os trabalhadores.

Estas situações servem para que a Madeira reflita como ainda depende mais do que pensa destas infraestruturas. A notícia evidencia algo simples mas estrutural, uma única engrenagem parada causa disrupção em cadeia. É uma vulnerabilidade que aparece sempre que há conflitos prolongados.

Com esta falta de carne vamos ver se os nascimentos baixam em agosto 😁.