N a semana que acaba, li uma Carta do Leitor de "Miguel Sousa" que presumo ser, até pelo conteúdo, o ex governante, o ex deputado, o administrador da Empresa de Cervejas da Madeira (com interesse na matéria) e empresário da noite (de novo com interesse na matéria) e com palavra pública enquanto comentador do Diário de Notícias. Envio em anexo, p.f. publiquem.
O cidadão comum que compra a sua habitação ou que herda da família, normalmente não tem a capacidade de manipular a seu favor as licenças camarárias para garantir que o seu investimento não tenha perda de valor, por qualquer circunstância de que é alheio. Uma delas é o barulho.
Não são os proprietários que provocam a entrada de atividade noturna em zonas de habitação, logo de descanso. Ainda esta semana, um dos promotores que deu início ao pintar das portas da Zona Velha da nossa cidade, disse que a valorização das portas com arte acabou por desvirtuar a zona porque de lugar evitado pela pessoas, passou a ser altamente frequentado e perdeu-se a calmaria para poder viver e descansar. A melhoria da aparência da zona tornou-a catedral da bebida e do convívio noturno e, para tal, os empresários obtiveram licenças sem que a CMF observasse o interesse dos moradores. Depois das licenças passadas, começaram os abusos de se esticarem nas hora à medida que os clientes permaneciam. Com a manutenção deste hábito e expediente, como que se institucionalizou um usucapião da hora. A rotina do abuso tornou-se direito, sem que as licenças, a câmara e a polícia se fizessem respeitar.
O assunto é melindroso e mais do que um atentado ao descanso dos moradores da zona, o elo mais fraco, existe um melindre para se poder impor a ordem por interesses e amiguismo político.
Este assunto mereceu a Carta do Leitor do "Miguel Sousa" que olha pelos seus interesses em condição privilegiada e não vê a outra parte. Deve ser o indivíduo mais privilegiado de toda esta situação e tem a lata para se sentir a vítima, ele que tem bares onde quer, que paga mal aos funcionários, que tem o sócio a divulgar como é bom ter borga à noite a acordar as pessoas (no Algarve é que é bom), que tem os preços que quer como fornecedor quando tem de comprar como cliente, que governou e tem influência, que tem a sua opinião no espaço dedicado ao mês no DN e ainda escreve nas cartas do Leitor. O "Miguel Sousa" é um coitado e os populares que querem dormir são o quê? Isto já tem mais de década meus senhores! Os culpados, os esquisitos são aqueles que não têm poder para criar esta situação de meter bares em zonas habitacionais?
"Miguel Sousa", que se deixe de ser sonso, na prática andam todos a lançar areia para os olhos dos moradores e da população em geral, dizendo que a coisa resolve-se com a redução de horário, só para fazer notícia, porque o horário já é à 1h da manhã para todos os estabelecimentos menos para os estabelecimentos do "Miguel Sousa", Venda Velha e Vintage, e com videovigilância para se fazerem de coitadinhos se alguém, com razão, se passar da cabeça. Deixe-se de ser um grande sonso, você é um grande privilegiado do sistema e neste caso!
Este problema já tem barbas e acontece porque tem gente como o "Miguel Sousa" para enfrentar que vai escrevendo para pressionar em sentido contrário à solução natural. É você "Miguel Sousa", entre outros, a razão do problema com barbas. Todos falam e ninguém resolve. Pare de ser sonso senão será ainda mais desmascarado. Mas isto ainda tem novidades e a progredir para pior, com o excesso continuado de jovens que agora ainda adicionam mais barulho, como que por represália, trazendo os seus próprios equipamentos de som e bebidas para a rua, numa espécie de "botellon" madeirense que os encerramentos da pandemia só vieram piorar. E quem está de acordo que os acolha na zona das suas casas.
Um dia destes, com o medo das autoridades, camarárias e policiais, vai acabar mal. Não pensem que estão a enganar os moradores. Um dia destes organizam-se e há uma "arrastão purgatório". A culpa são dos privilegiados do partido do poder e seus governantes.
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