O Obituário do José


O “Obituário do José” é um filme não aconselhado a menores de idade, que relata a história de um estudante Gay madeirense que é assassinado pela polícia a 28 de maio de 2020. No filme, depois da sua morte, o José acorda ciclicamente em agonia e revive periodicamente as inúmeras cenas da sua vida. 

Uma história agonizante sobre a sociedade madeirense e a comunidade gay. O filme, escrito por Pedro Colado, um estudante de Culinária da Universidade da Madeira, é um marco na história da ilha e leva o espetador a uma situação de agonia e incredibilidade perante os factos reais relatados por Pedro Colado.

Resumidamente, o filme aborda a violência dos becos escuros da Zona Velha, no meio da miséria, da droga, das tascas, dos ratos e dos mosquitos. A violência é o cerne do filme e os crimes contribuem para o colapso de uma sociedade em declínio onde os brancos são os ricos e os negros, os pobres.

Genialmente realizado, as inúmeras mortes do José repetem-se ao longo do filme, em lapsos de tempo acrónicos, levando o espetador a confundir a cronologia da história. Torna-se claro que, no filme, não existem polícias bons e que a vida resume-se ao confronto entre os polícias brancos e os negros madeirenses. 

Como se tudo já não fosse execrável e miserável, o José, num momento de perturbação de identidade, apaixona-se pelo Rui e os dois vivem um amor tórrido onde o sexo e a luxúria confundem-se com política, corrupção, violência e paixão. 

Para complicar a história, no meio da dúvida sobre a sexualidade do José surge uma loura - que ninguém percebe o que está ali a fazer - mas que vai perturbar a paixão entre os dois. As cenas de sexo entre os três refletem a sociedade onde o prazer de um é a dor de outro.

Doa a quem doer, o final do filme não poderia ser mais feliz. Os dois casam, têm muitos filhinhos negros e são outra vez eleitos para mais quatro anos de agonia.

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