Reflexões sobre populismos


E rdogan foi reeleito presidente da Turquia, com 52% dos votos, na segunda volta. Numa análise à distância, entre ele e o adversário (aquele cujo nome não se pode pronunciar, não pode mesmo, experimentem lá dizer Kiliçdaroglu), não parece haver grande diferença. Se um diz mata, o outro clama esfola! Erdogan domina mais de 90% dos órgãos de informação do país; a sua máquina política (e de propaganda) recorre a todos os meios (TODOS!) para silenciar, se possível, ou secundarizar qualquer tipo de oposição. Não faltam histórias de adversários desaparecidos, cortes de energia em actividades que não são do seu agrado, coacção sobre agentes da justiça e até, pasme-se, distribuição de dinheiro aos eleitores (faz lembrar alguma coisa?). Como já se tornou “tradição”, após votar, entrega milhares de liras (uma lira turca vale cerca de €0,05 – 5 cêntimos) aos que o idolatram à porta do local de voto. Será dinheiro dele? Imagine-se o que fará durante a campanha...

Perante tudo isto, e mais ainda que seria exaustivo enumerar, foi eleito por mais 5 anos para presidente de um país em permanente crise económica, que não respeita qualquer tipo de direitos humanos e de minorias, entre outras atrocidades. 52% de turcos e turcas (mais de metade dos eleitores que foram às urnas) acharam que este continuava a ser o homem ideal para dirigir os destinos do país. Azar dos restantes 48%. A democracia é assim. Ganha quem tem mais votos, mesmo que esses votos sejam conseguidos à custa de esquemas manhosos ou através de promessas que, talvez, nunca venham a ser cumpridas. Paciência. Mesmo que não gostemos, temos de aceitar o veredicto da maioria, embora saibamos que, em condições normais e com igualdade de oportunidades na aproximação e esclarecimento da população, talvez o resultado fosse outro.

Lá, na Turquia, como cá, em Portugal e, especialmente, na Madeira, quem tem o poder usa todos os meios para nele se manter, aproveitando-se da baixa literacia (a todos os níveis) que ainda subsiste na nossa sociedade. Há quem se “venda” por frangos congelados, quem espere pelo lugarzinho prometido em troca da distribuição de propaganda do partido ou pelo trabalhinho com perfil falso nas redes sociais. Há quem se contente com espetada e vinho seco, após mais um desvio de centenas de milhares de euros numa obra pública. Há quem acredite que é normal todos os meios de comunicação social estarem nas mãos dos mesmos grupos, que partem, repartem e ficam sempre com a melhor parte; depois, acham estranho que os jornalistas tenham uma atitude pouco profissional e pareçam uns vendidos (e são, mas todos têm de pôr comer na mesa, mesmo que a alguns saiba mal). 

A tudo isto, a oposição vê-se incapaz de responder. Umas vezes por falta de meios, outras por deficiente comunicação, ainda outras por incompetência, pura e simples (ou não, que, por vezes, vale mais um tachinho num lugar sem preocupações, do que um cargo de responsabilidade, que obriga a... trabalhar!), etc...

Entretanto, autointitulados salvadores da “pátria”, apresentam soluções milagrosas para resolver as questões mais candentes nas preocupações populares. Esquecem-se de referir que, segundo as suas propostas de “soluções”, todos ficaríamos bem piores do que estamos actualmente. Desde hipóteses venturosas a acções ilusionistas, tudo serve para tentar enganar os “tansos” (ao fim e ao cabo, eles já estão a ser enganados com comes e bebes; a diferença é só no menu).

Este é um dos “males” da democracia. Permite que os seus potenciais aniquiladores tenham o mesmo espaço de manobra do que aqueles que a ajudaram a construir.

É necessário que, sem medo, os partidos democráticos denunciem as vigarices, as falcatruas, as manobras menos claras dos governos, mas sem caírem na mediocridade do lamaçal, da pocilga, das “fake news”.

Exemplo: “obriguem” o Ministério Público a explicar isto...

Uma viagem à Venezuela e a Curaçau, entre 9 e 18 de Outubro de 2022, de Miguel Albuquerque, custou ao Governo Regional da Madeira (a todos nós) €120 mil. O presidente do Governo Regional foi acompanhado da mulher, “staff”, três músicos e vários elementos da imprensa regional. A viagem foi comprada à empresa de um dos jornais que ia na comitiva e os bilhetes foram emitidos nove dias antes de haver o necessário concurso.

A comitiva era composta por Albuquerque e a mulher, Sofia Fernandes (foi para que o presidente não saltasse a lage?), o director regional das Comunidades, Rui Abreu (para duplicar competências?), o director do Jornal da Madeira, Agostinho Silva (mais um a viver à custa do sistema), três músicos do Miguel Pires Trio (também assalariado do GR), outro jornalista do JM, um do DN-Madeira, dois da RTP-Madeira e dois do Canal Na Minha Terra TV (seis jornalistas???, para quê?).

Como este, muitos exemplos existem que deviam ser investigados. No entanto, parece que os meandros da Justiça nesta ilha estão um bom bocado encalacrados.

Perante isto (e tudo o resto que dava um livro e que é regularmente denunciado no CM), se os resultados eleitorais, com na Turquia, continuam a ser iguais eleição após eleição, é porque a maioria dos eleitores gosta do que tem. No processo democrático, só nos cabe aceitar e continuar a tentar que haja mudanças de mentalidade, para mais gente achar esta situação deplorável e votar em conformidade.

Por aqui me fico. Deixo estes considerandos sobre populismos para meditação e memória futura.

Enviado por Denúncia Anónima.
Segunda-feira, 29 de Maio de 2023
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