E ra uma vez um “vilhão” que vivia feliz numa pequena Ilha no meio do Atlântico. O “vilhão” levantava-se com o sol para trabalhar a terra, onde plantava semilhas e couves para o sustento da sua numerosa família. Depois de muitos anos a trabalhar 12 horas por dia na agricultura, o “vilhão” descobriu que aquilo que plantava quase nem dava para comer e, o pouco lhe restava, vendia a intermediários que ficavam com a maior parte do lucro e que a sua parte nem dava para o guano.
Um dia o “vilhão” descobriu que a agricultura não era mais sustentável e decidiu partir para a cidade porque nas obras ganhava-se mais. Um mês depois o “vilhão” recebeu o seu primeiro salário e viu que uma parte era para a Segurança Social e outra para impostos. Os patrões do “vilhão” disseram-lhe que parte do dinheiro era para a sua reforma e que os impostos eram para fazer estradas e hospitais para os outros “vilhões” doentes.
Com o dinheiro que lhe restava, o “vilhão” conseguia comprar carne e arroz para a família e ficou feliz. Os anos passaram e, com as poupanças de muitos anos, o “vilhão” construiu uma pequena casa a blocos, comprou uma máquina de lavar roupa, uma televisão e deu estudos aos filhos, acreditando que o dinheiro que descontava iria ser devolvido na sua reforma, quando não pudesse mais trabalhar.
Um belo dia chegou à ilha um pobre “mira” cheio de fome dizendo que não sabia trabalhar mas sabia cantar e dançar. No meio da desgraça a Segurança Social entregou parte do dinheiro do “vilhão” ao “mira” para que este não morresse de fome e o “mira” agradecido continuou a dançar e a cantar. Com o passar do tempo, entre festas e arraiais, o “mira” arranjou uns biscates e começou a ganhar dinheiro sem pagar impostos.
Com todo o dinheiro que recebia, o “mira” ia a todas as festas para cantar e dançar, gastando o dinheiro que recebia porque a ilha era um paraíso para quem sabia cantar e dançar.
Um dia, o governador da Ilha decidiu fazer uma festa de três dias, para que o “mira” pudesse cantar e dançar como queria desde que o “mira” votasse outra vez nele.
Como nunca se sabe o dia de amanhã, o “vilhão”, olhando para o pouco dinheiro que recebia das obras, decidiu ficar em casa com a família a ver as notícias das inaugurações das obras na RTP-Madeira, porque no dia seguinte tinha de voltar para trabalhar nas obras.
Este texto podia-se chamar a “Cigarra e a Formiga”, mas essa fábula já foi escrita por outro “vilhão” há mais de 3000 anos.
Enviado por Denúncia Anónima
Quinta-feira, 3 de Agosto de 2023
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