Forte de São Tiago ou o prenúncio para um novo Mini Toco?


Créditos: foto SRTC - Francisco Correia

Faço uma prévia declaração de registo de interesses: não sou amigo de nenhum pescador, não conheço ninguém e vou frequentemente à praia de São Tiago (também conhecida pelo Arsenal) durante todo o ano.

P or uma questão de justiça venho deixar o meu testemunho (não escudado no anonimato) que não confirma, de todo, o recente artigo aqui publicado (link). Antes de mais a questão do "padel". Aquelas pranchas não ocupam assiduamente aquela praia nem nunca me apercebi de qualquer actividade comercial marítima com as mesmas relacionadas. Já vi sim canoas em terra para repouso temporário de remadores. 

Quanto aos pescadores, pessoas pacatas, é uma injustiça, para não dizer difamação, associá-los a eventual tráfico de droga. Sem qualquer prova apresentada, o que também deveria merecer do CM um escrutínio preliminar, e considerando que os pescadores, pessoas simples, não terão capacidade para exigir um direito de resposta e assacar responsabilidades a um anónimo. 

Quanto às licenças de pesca, parece surreal o que lá está escrito. As licenças pressupõem uma actividade económica relevante. Impô-las a casos básicos de subsistência é ou seria uma violação grosseira do Direito Natural à existência neste planeta e, abaixo deste, do Direito Constitucional à Vida. 

E depois as licenças de pesca têm muito que se lhe digam. À conta das mesmas alguém recebeu milhões em off-shores para emitir licenças a pesqueiros japoneses. Situação (mais uma) que passou ao lado da (in) justiça dos homens. E agora vão implicar com estas, salvo o devido respeito, "cascas de noz"? Tenham a santa da paciência. 

As pessoas nem sonham, na sua maioria, o que se passa em alto mar e as atrocidades ambientais provocadas pela pesca de arrastão ou pela erosão da aquacultura. Sugiro que vão contar o número de barquinhos atracados ou em doca seca em São Tiago para que se tenha a noção do ridículo da denúncia. 

Se calhar causa comichão ao bezerro de ouro e a quem supostamente problemas renais... no nariz, não terem conseguido enfiar estes idosos pescadores em centros de dia, apenas a olhar para a televisão. 

Estes pescadores são pessoas saudáveis, afáveis e não incomodam ninguém. Nem precisam de se vacinar pois têm vitamina D quanto baste e o mar ao pé que cura tudo. Não é preciso um serviço regional de saúde postiço para aquelas bandas. 

Vamos ao monumento nacional. É preciso salientar que a maresia causa erosão nas paredes e obriga a permanente restauro. O que eu não tenho visto (a exemplo da Capela de São Paulo) que haja cuidados permanentes de manutenção. 

E isto levanta suspeitas, a associar ao ataque aos pescadores, no sentido de intimidá-los para abandonarem o Arsenal. 

Às tantas (e peço desde já desculpa por este processo de intenções) vão deixá-lo degradar para depois, milagrosamente, chegar um privado (quiçá um dos 5 que mandam nisto) e propor a requalificação do monumento nacional transformando-o numa pousada de 5 estrelas, como aconteceu no Continente. Espero estar enganado mas, como escrevi no meu artigo anterior, de há muito que os políticos (os profissionais carreiristas que nunca souberam o que a vida custa) deixaram de ter o benefício da dúvida. 

A história do Forte de São Tiago merecia ser relembrada, mas cultiva-se a ignorância para que as pessoas sejam carneirinhos obedientes. 

Para o caso em apreço, chama-se arsenal pois aquele Forte Militar servia de armazém a produtos e víveres que chegava pela via marítima. Daí que, desde início, numa parte específica do muro houvesse e haja um ferro arredondado incrustado na muralha que servia para colocar as amarras dos botes. 

Obviamente que esse ferro continua lá, em frente à rampa, não foi colocado pelos pescadores! E serve de amarração a uma tenda que protege do sol. 

Penso que cobri, de memória, todos os pontos levantados pelo artigo anónimo que me cheira a encomenda. 

Falta acrescentar duas notas finais:

Quem frequenta o bar da praia verifica que há grupos de nómadas digitais que fumam charros. Esse cheiro é deveras incomodativo, pelo menos para mim, tal como o tabaco dito normal. Como não é um espaço fechado temos que tolerar essa falta de respeito para com o semelhante, na certeza de que não há dinheiro que pague o berço onde se transmitam as regras de etiqueta e boas maneiras. 

Dariam um debate (saudável) interessante fazer um estudo a respeito dos nómadas digitais que não se limitasse ao dinheiro que por cá gastam. Muitos vivem numa bolha e nem querem interagir com os locais, ou nativos, pois para elite corrupta ou mafiosa (no bom sentido...) somos índios patas-rapadas. O conceito de multiculturalismo tem muito que se lhe diga. Na certeza de que a qualidade de quem nos visita ou veio para cá viver, é a minha percepção, baixou. 

Estamos a "algarvizar" a Madeira e compreendo os constrangimentos pessoais do Eduardo Jesus, que desde os tempos de escola sempre tomei como pessoa de bem, para gerir o superior interesse dos madeirenses sem voltar a ser despedido de secretário regional por ter afrontado um ou dois "senhores do vale à montanha e do mar à serra". 

Sobre a droga, em tempos eu denunciei na PSP movimentações estranhas de iates estrangeiros ancorados em frente do Forte de São Tiago. Normalmente aparecem quando na Pontinha estão cruzeiros e depois à sua volta e à descarada, ou seja, à luz do dia, aparecem pequenos botes à vela que o circundam, lançando uma fundada de que possam ser os correios de recepção e transmissão de pequenas doses de estupefacientes. 

Até hoje não tive feed-back se esta situação foi devidamente investigada. E se não foi, houvesse por cá um jornalismo de investigação (que não existe) era uma questão de "seguir o dinheiro" e perceber a quem não interessa que se vá a fundo nesta questão.

Quem da mesma beneficia à conta da miséria humana e do aumento de casos relacionados com o bloom que, também por esta via, tem tornado esta cidade do Funchal menos segura? 

Onde pára a polícia? Sem ser nas operações STOP? 

[Dado que este artigo foi escrito pelo telemóvel e não dá para correr o texto e fazer a competente revisão, peço desculpa desde já por alguma eventual falta de concordância gramatical.]

Pedro Marques de Sousa
pedromarquesdesousa@gmail.com 


Nota CM: Caro Pedro Sousa, passamos sempre os olhos, nem sempre apanhamos tudo, mas há depois mais leituras a avisar. Volte sempre como puder e for viável.

Enviado por Denúncia Anónima
Quinta-feira, 3 de Agosto de 2023
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