A o fim de quase 30 anos de assinatura, dou por mim a folhear cada vez mais rapidamente este DN, que mais não é do que uma caricatura do que já foi, enquanto fonte de informação relevante. A política ocupou definitivamente lugar de destaque nas ocorrências regionais. A pré-campanha dura de eleição a eleição, alimentada por guerras partidárias internas e lutas pelo poleiro antes de chegar à luta final. E o Diário, comprado, domesticado e esvaziado, desdobra-se criativamente a colocar igualmente os dois maiores galos da capoeira laranja, pois a isso o casamento obriga.
Tudo serve para o efeito. Numa inauguração, o destaque é dado à personalidade presente e remete para segundo plano a obra. Nos eventos, a mesma premissa. Até a promoção do rally serviu para nivelar as cristas. Não posso crer que o madeirense se permita ser inquinado por esta presença estéril, mas insistente, das mesmas figuras, quais CR7s da política que procuram figurar diariamente em plano principal. Mas admito que poderei estar a atribuir demasiado mérito ao leitor comum e poderei mesmo estar enganado.
As entrevistas já têm influência política e são mais uma fonte de propaganda de algum serviço. Não existirá ninguém com mérito sem ligações ao cenário político?
Dou por mim a folhear e a parar apenas na página “Mundo”. Sem atualidade para quem se mantém ao corrente ao longo do dia na TV, mas num tom claramente diferente de todo o restante folheto que se encontra na mão.
Entre os artigos de opinião de personalidades maioritariamente políticas, cada um a puxar a brasa à sua sardinha e as cartas de leitor na mesma tónica por detrás de nomes genéricos, os destacáveis de propaganda, o meio casal maravilha com página inteira de nada e uma parceria com uma plataforma que foge inevitavelmente para a política, chego à derradeira folha a pensar que nada aprendi, que nada me informou e a assinatura no início do ano foi um desperdício de dinheiro.
A tiragem, pelo que me disse um conhecido ardina, já é menos de metade de há 10 anos. Para a destruição ser completa, a transição para o novo digital foi um desastre. Publicidade intrusiva mesmo para assinantes – quem desenhou aquela grua? – a assinantes bloqueados de artigos devido a informáticos amadores. Tudo corre mal ao DN. Será azar ou será incompetência a mais de quem manda?
Enviado por Denúncia Anónima
Quarta-feira, 2 de Agosto de 2023
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