A comunicação social e as redes sociais


A s redes sociais acumulam fel da comunicação social que precisa de um inimigo externo, é doloroso fazer uma introspeção sincera. Estão tão próximos do poder que lhes copiam as estratégias. Sabem que estão em posse de grupos económicos ou individualidades com notoriedade que se lhes atravessam e inibem editoriais, deontologias, ética e moralismo, para condicionar a informação a montante, normalmente por autocensura. Tanto jornalistas se veem num beco sem saída e se vendem, como outros não arriscam a dar notícias neste ambiente, resta saber o que farão as novas fornadas de jornalistas perante esta realidade, também emigram?

Assim nasce um produto desinteressante que custa a vender, que muitos têm suspeitas, que roda num foguetório publicitário das partes interessadas e tudo isso o leitor percebe e desacredita. Foi notória a euforia de sucesso criada pela comunicação social nas nossas Eleições Regionais, e o que se seguiu depois foi a publicação de notícias guardadas com verdades e que antes, saídas nas redes sociais, eram "mentira". 

Os projetos ficam aquém dos propósitos empresariais e de regime porque é anti natura e a separação de poderes é uma regra da democracia. No fundo, deixam de ter vergonha pela falta de real trabalho jornalístico e passam a compactuar, com atrevimento, junto de quem lhes paga. A comunicação social está minada por dentro pelos poderes económicos e políticos. As redes sociais, até ver, não se vendem nem se compram e até as notícias precisam delas para se promover.

Na Madeira, o poder está instalado há décadas e é a razão deste beco sem saída da comunicação social, como em tantas outras áreas, até da democracia através de outros partidos. A comunicação social foi das últimas a cair integralmente, por falta de democracia e alternância, tornou-se produto do autoritarismo que não pode perder pela dependência de tantos ao Orçamento Regional. Quem for a ver, na Madeira não existe separação de poderes, não existiu 25 de abril, nunca existiu parlamentarismo, fiscalização, e como cada vez mais se apresentam novos ao banquete, tudo isto parece estar certo, por maioria absoluta. Mas não está, e o facto mais relevante é ver o verdadeiro estado da sociedade madeirense perante uma elite sem caráter que não se importa.

Temos falado muito de iliteracia, disto e daquilo, por outro lado temos a sociedade mais bem formada de sempre (por isso emigram), eu gostaria de entender como é que as redes sociais estão a tirar o lugar da comunicação social. Pode estar aí a resposta.

À medida que o poder vai caindo, há jornalistas que se começam a sentir mal, e quem os vai acolher no dia da liberdade são exatamente as redes sociais para lhes entregar o estatuto que deixaram fugir. Se fossem inteligentes cuidavam dos fundamentos da liberdade. Autoridades e redes sociais aceitam a figura do anonimato como forma de chegar à informação verdadeira, porque houve um passado de maus exemplos de assédios e perseguições para inibir. Entretanto, esta vida é feita de semânticas, de legalidades absurdas, de rabos de palha e interesses comuns, de muitos furos premeditadamente feitos para salvar poderosos. A dignificação passa por tornear o esquema.

Neste momento é preciso estar atento à mudança de polaridade. A razão está pelas pontas. Há dias esteve cá uma senhora do cartão profissional de jornalista, os próprios deram-lhe pouca atenção e quando a senhora falou estava completamente deslocada do problema da Madeira. A ERC vê tanto como uma CNE. Toda a razão ou não, muda pelo voto, esperemos que a abstenção tenha percebido isso nas últimas Regionais.

Quando pessoas livres abordam com franqueza quem tudo instrumentaliza, deveriam perceber que devem mudar, sair da bolha criada por interessados que compactuam com erros de governação, que querem agradar e se manter no estado de graça. Perder o que pessoas livres dizem nas redes sociais é perder o norte, para depois perder eleições, porque a vida à sua volta é narrada pelo interesse de todos no poder e não pela população em geral... que também elege. Há ventos de mudança e há muito histerismo, as fotografias não conferem com a realidade, da mesma forma que tudo se escondeu antes das eleições.

Quero terminar lembrando que no Irão, uma rapariga incógnita espoletou a ira da população num regime autocrático, depois de conhecida tornou-se uma mártir.

Enviado por Denúncia Anónima
Sexta-feira, 3 de Novembro de 2023
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