![]() |
| Para quando aplicar o que se ensina? |
N a Universidade da Madeira, os processos de contratação pública são mais complexos do que as obras de Camões. À porta das eleições para o novo reitor, o ambiente fervilha de uma estratégia muito peculiar. Quando se trata de contratos e posições estratégicas, a verdadeira prioridade é outra. Não estamos a falar de mérito, de competência, ou mesmo de inovação – essas são para as brochuras. Aqui, o segredo é o alinhamento certo, a "amizade" certa, o laço invisível que, com jeitinho e um bom toque de retórica, se transforma numa oportunidade de ouro.
Na Universidade da Madeira, a lista única para o conselho geral (que deveria ser pública no site e não é) brilha com as alianças cuidadosamente tecidas entre arguidos e os melhores amigos dos amigos. Estes estrategistas do século XXI dominam a arte de gerir os recursos públicos e orçamentais, não em prol da educação ou da investigação científica, mas em prol de uma rede muito especial. Uma única lista - tão bem organizada, tão bem preenchida de interesses bem distribuídos…
As contratações públicas, é claro, refletem esta mesma estratégia. Para quê burocratizar o processo com longos concursos, avaliações e comissões se é possível simplificar tudo? As posições abrem-se, os concursos sucedem-se, e, magicamente, os escolhidos são os que têm um talento particular para a lealdade e o alinhamento com a estrutura. Certamente é uma coincidência.
Curiosamente, ninguém parece realmente preocupado com a falta de diversidade de pensamento ou com a ausência de outras vozes. Talvez porque todos sabem que, quando se trata de decisões importantes, já se decidiu muito antes dos primeiros papéis serem assinados. O conselho geral torna-se, assim, um reflexo dessa rede fechada e impenetrável onde, convenhamos, discordar é, no mínimo, inconveniente.
O reitor que irá tomar posse certamente encontrará um palco preparado, onde o guião já foi escrito por amigos bem alinhados e por aquelas amizades discretas e estratégicas que aparecem na altura certa, no lugar certo. Serão 4 anos de mandato, com arguidos expatriados do governo regional, e com o DCIAP e a A3es em cima. Adeus Universidade da Madeira. O fim desta instituição, tão necessária numa ilha, está próximo e quem a leva ao túmulo é o antigo e o actual reitor. Que péssimo desempenho de ambos. Uma vergonha.
Enviado por Denúncia Anónima
Sábado, 9 de Novembro de 2024
Todos os elementos enviados pelo autor.
Adere ao nosso grupo do Facebook: Ocorrências CM
Segue o site do Correio da Madeira
