D e sol a sol, de vereda em vereda, de beco em beco, lá andam vocês, estoicos, intrépidos, destemidos, a clamar pelo voto no vosso partido. Nem que para isso tenham de ouvir nas ventas o que as pessoas realmente pensam – e, pelos relatos, a lista de nomes simpáticos que vos têm chamado já dá para encher um dicionário de insultos madeirenses.
Mas falemos do verdadeiro génio estratégico desta campanha. Que campanha? Pois, essa mesma! Aquela que gira em torno de um candidato fantasma. Sim, esse mesmo que não aparece em cartazes (quem sabe para não assustar as criancinhas), que não dá a cara e que só os mais iluminados conseguem vislumbrar num ocasional reflexo de montra. Afinal, se a sua própria equipa tem medo de o mostrar, porque haveria o eleitorado de querer vê-lo?
E enquanto vocês se esfalfam a puxar votos para este fantasma político, o vosso grande líder, o mestre dos mestres, aquele a quem juram lealdade canina, onde está ele? Na linha da frente? Não, caros entachados, está muito confortavelmente em Lisboa, na companhia da sua querida esposa, a dar-se ares de estadista no Conselho Nacional do PSD e no Conselho de Estado. Porque, claro, quando se é rei, a corte que trate da guerra!
Parem um pouco para pensar: vocês andam aí, a dar o corpo às balas, a desgastar a sola dos sapatos, a receber palavrões de borla, tudo para sustentar um líder que nem se digna a sujar as mãos na campanha. Que grande consideração ele tem por vocês, não acham?
Será que vale a pena? Será que querem continuar a ser os peões de um jogo em que nem o rei aparece no tabuleiro? Pensem bem, caros entachados, porque quando derem por isso, vão perceber que andaram a correr por alguém que nunca esteve lá.
Ah, mas não desesperem! Depois de toda essa correria, de tanto esforço, com as sondagens a indicar que vão conquistar uns gloriosos 15 ou 16 deputados, será que ainda vale a pena? Não, porque, convenhamos, essa é a grande recompensa: tanto trabalho para uma queda épica que todos já sabem como vai terminar. Uma perda tão previsível que, bem, é quase trágico. Trágico, mas, de alguma forma, admirável. Porque não há como não admirar a persistência de quem se entrega à luta, mesmo sabendo que está tudo perdido. Só mesmo alguém com uma fé inquebrantável pode correr em círculos até ao fim, não é? Talvez até mereçam um prémio… Quem sabe, um prémio para o dia em que andarem todos de cabeça baixa, mas com o peito cheio da certeza de que deram tudo por algo que nunca foi vosso para ganhar.
Com consideração (e uma boa dose de sarcasmo), um mero observador da vossa devoção inexplicável.
Enviado por Denúncia Anónima
Quarta-feira, 12 de março de 2025
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