Madeira: um retiro espiritual forçado


A noite da nossa ilha  já foi um ponto de encontro vibrante, onde o Funchal era o centro pulsante, um espaço onde se podia andar até bem tarde da madrugada. A Zona Velha e a zona do Ribeiro Seco foram o coração da cidade, os palcos da vida noturna dos anos 70, 80 e 90. A diversão continuava nessas zonas até às seis da manhã em alguns sítios. A noite tinha vida, com bares, discotecas e locais onde todos podiam dançar, beber e socializar até o sol nascer.

Infelizmente, hoje em dia, estas zonas estão longe do que eram. A cidade, que antes nunca dormia, agora vive uma morte lenta. A noite do Funchal está a definhar não pela falta de interesse, mas pelo excesso de controle e pela falta de políticas que protejam a vida noturna. Hoje, qualquer ruído é uma guerra. Os poucos espaços que tentam resistir são esmagados por queixas e restrições absurdas. A cidade morre muito antes da meia-noite, e o que resta é uma sombra do que um dia foi um centro de vida noturna rico e diverso.

Os locais que antes davam vida à noite de Funchal, ou já não existem ou passaram por um processo de decadência irreversível. Espaços que antes eram ícones da diversão, agora são apenas lembranças de um tempo que já não existe. O Funchal, que uma vez foi vibrante e cheio de opções, está a tornar-se um retiro espiritual forçado, sem lugares para sair e sem animação. Não há bares nem clubes abertos até tarde, e a vida noturna foi esmagada pela pressão de um turismo de "excursão" e "pé de meia", que preenche os hotéis, mas não traz vida para as ruas à noite.

O turismo que está a dominar a Madeira é o turismo da treta. Esse que enche os hotéis com números mais altos nas estatísticas, mas que não contribui para a verdadeira essência da cidade. Enquanto a cidade se transforma numa sombra do que já foi, temos o turismo de excursão, que preenche os números mas não dá vida ao Funchal, e o turismo de "pé de meia", que contribui para a criação de uma atmosfera sem alma.

Hoje, o Funchal é quase uma cidade fantasma. Quando a noite cai, não há animação. Quando os turistas vão dormir, as ruas ficam vazias, e a cidade, que um dia foi um centro de vida e diversão, agora luta contra um controle excessivo e um isolamento imposto. O resultado é que, cada vez mais, a Madeira se está a transformar num retiro espiritual forçado, onde a juventude se sente forçada a procurar outros destinos. Um lugar onde a solução será, provavelmente, trancar as pessoas em casa, porque alguns, talvez os vizinhos sensíveis, decidiram que a Madeira tem de ser um retiro espiritual obrigatório!

Enviado por Denúncia Anónima
Sexta-feira, 14 de março de 2025
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