T enho acompanhado atentamente os textos que têm saído no Madeira Opina, uma plataforma que tem servido para denunciar e esclarecer o grande público sobre aquilo que muitos fingem não ver. É fundamental que existam espaços assim, onde a verdade não é abafada pelos mesmos de sempre, aqueles que controlam tudo e fazem de conta que a cultura na Madeira é um espaço aberto e democrático.
A realidade é outra. A cultura , neste caso particular a música, está refém de um pequeno grupo que se perpetua no poder. Não é sobre talento, inovação ou mérito. É sobre quem controla os cordéis, quem distribui os contratos, quem decide quem trabalha e quem fica de fora. E se alguém tiver dúvidas sobre este esquema, basta fazer uma pequena visita à Base.Gov e conferir os ajustes diretos: os nomes são sempre os mesmos. Ou, melhor dizendo, os nomes deles ou dos familiares que servem de fachada.
Na hotelaria, o jogo é sujo e previsível. Há um cantor que domina os palcos dos hotéis há décadas, e até já passou por cargos de destaque no Grupo Pestana, e sempre assegurou que tudo o que girasse à sua volta fosse seu e apenas seu. Ele e os seus 'agentes' garantem que mais ninguém entra, mantendo um sistema fechado onde os caches são controlados e os trabalhos repartidos entre os do costume. Além desse cantor, há uns empresários que também estão em todas e só dão espaço a quem querem e entendem. Se não pertencer ao círculo certo, dificilmente haverá espaço para novas oportunidades.
Nos espetáculos de rua, a situação é ainda mais descarada. Há um nome forte, com cargo na cultura e com uma empresa que gere grande parte das contratações, mas que, por questões de cargo público, não pode tê-la em seu nome. Obviamente, isso não é problema: familiares e testas de ferro garantem que o dinheiro continua a cair na mesma conta. Quem quiser confirmar, basta seguir o rasto dos contratos públicos e ver para onde vão os milhares que deveriam estar a circular entre os artistas da Madeira.
Além desse nome forte ligado à cultura e com a empresa que gere grande parte das contratações, há também um músico amigo que se crê um grande maestro e arranjista. Ele está presente em quase todos os espetáculos e eventos, tanto de teatro como de música, garantindo que a maioria dos grandes eventos culturais da Madeira passem pelo seu crivo. No entanto, por trás dessa imagem de "grande arranjista", esconde-se o fato de que ele, na realidade, recorre a programas para fazer os arranjos por ele e até utiliza inteligência artificial para facilitar o seu trabalho. A sua presença é uma constante, e ele acaba por ser uma das figuras centrais no circuito, junto com aquele homem forte da cultura que tem uma conhecida empresa. Este dois artistas que também escrevem "sonetos" e controlam "eventos" tem um impacto profundo na cena artística local, criando uma rede fechada e limitando as oportunidades para quem não faz parte desse círculo restrito.
E no Porto Santo, a história repete-se. Lá, também há um “rei” dos espetáculos, com empresa própria, garantindo que o circuito fica fechado e as oportunidades são para os mesmos. Quem quiser atuar, já sabe que precisa de passar pelo crivo certo – e, claro, pagar os favores devidos.
Além destes, deste trio que domina os eventos fora do espaço hoteleiro, há ainda outros, mas estes são os nomes principais que controlam o cenário cultural na Madeira. São eles que dominam, controlam e fecham as portas para os outros.
A cultura madeirense, que poderia ser um campo fértil para novos talentos e diversidade, tornou-se um sistema hermético, comandado por um pequeno grupo que mantém tudo sob controlo. E enquanto ninguém falar, enquanto ninguém questionar, este esquema continua a girar, financiado com dinheiro público e sob o olhar complacente de quem deveria fiscalizar.
Por isso, o papel de plataformas como o Madeira Opina é fundamental. Porque só quando se expõe a verdade é que se pode começar a desmontar o esquema.
Enviado por Denúncia Anónima
Sexta-feira, 14 de março de 2025
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