Músicos, desempregados e a língua solta dos ressentidos


N ão acredito que haja músico digno que fique indiferente à quantidade de palavras vazias que têm sido atiradas nos últimos dias. Há certas coisas que, em vez de procurar o trabalho, escolhe-se o caminho mais fácil: a intriga conveniente, o ataque gratuito. Acredito que isso é mal disfarçado.

Alguns dos que mais falam estão desempregados, mal-empregados ou então andam mal com o mundo. Tocaram pouco, tocaram mal, e agora querem culpar os outros pela sua falta de talento ou de educação.

Há bateristas que não passam de más-línguas. Sempre prontos para a intriga, sempre com um ódiozinho mal disfarçado a quem realmente faz, a quem sempre fez. Os más-línguas dos cafés, os músicos da ocasião. Nesses debates, adoram esquecer que o problema não é a falta de palco. Alguns a falta de talento, outros de atenção, outros de gratidão.

Há pianistas desempregados que acham que a boémia é sinal de genialidade. Afogam as mágoas num copo de whisky, debitam discursos sobre a decadência da cultura e convencem-se – e tentam convencer-nos – de que são os mártires da arte.

Há cantores/cantoras frustrados(as) que são os grandes intelectuais da praça, armados numa batalha contra quem realmente faz alguma coisa pela música nesta terra. Uns nesse sentido, e outros/as com a sua postura de snob, como se fossem as grandes divas da ilha, achando que podem dizer tudo o que querem sobre os outros usando o anonimato.

E depois há a salganhada do costume. Os que se unem na amargura, os que vivem de criar conspirações e os que não aceitam que a vida não lhes deu o protagonismo que achavam que mereciam. Às vezes, até resvalando para um certo tipo de bullying mascarado de opinião crítica.

Enquanto uns escrevem textos, eu sou daqueles que estou a tocar. Todos os dias, quase sem folga. Porque é isso que os músicos fazem: trabalham.

Não é assim que vão resolver os vossos problemas. Mas há quem tenha tempo para isto. Há quem viva a escrever artigos cheios de moralismo e frustração, sem perceber que o mundo não lhes deve nada.

A música continua. As festas continuam. A Madeira continua. E os que querem trabalhar, trabalham. Os outros? Bom, os outros falam.

Enviado por Denúncia Anónima
Segunda-feira, 17 de março de 2025
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