O Marítimo e a Oposição


O Marítimo, durante décadas um emblema da Primeira Liga portuguesa, caiu para a Segunda Liga e, ao falhar o regresso imediato, mergulhou num ciclo descendente difícil de travar. No futebol, como na política, a queda raramente é um evento isolado, é um processo. A descida de divisão não significa apenas menos visibilidade e prestígio; implica perda de receitas, patrocínios e poder de atração para jogadores e treinadores de qualidade. O resultado é um plantel menos competitivo, que, por sua vez, torna a subida ainda mais difícil. A cada temporada longe da elite, o clube perde mais força e, quando se dá conta, já não é um candidato sério ao regresso.

A política na Madeira obedece à mesma lógica. Os partidos que falham na conquista de representação parlamentar, ou que elegem apenas um deputado, ficando na margem do poder, entram num estado de fragilidade semelhante ao de um clube que não consegue subir. Sem a estrutura e os recursos de quem domina o jogo, ficam condenados a campanhas pobres, a menor exposição mediática e a um impacto político reduzido. Tal como um clube sem orçamento não consegue contratar bons jogadores, um partido sem meios dificilmente mobiliza militância, promove ideias ou sequer sobrevive com dignidade ao peso da máquina instalada.

O problema não é apenas a falta de recursos, é a ilusão da resistência passiva. Muitos clubes acreditam que a história e a grandeza os farão regressar naturalmente ao seu lugar. Da mesma forma, partidos que caem na oposição convencem-se de que a erosão natural do poder vigente abrirá caminho ao seu regresso. Mas esperar pelo erro do adversário nunca foi uma estratégia vencedora. No desporto e na política, só sobrevive quem se reinventa, quem desafia a lógica instalada e quem se recusa a ser vítima do sistema.

Na Madeira, onde a hegemonia política se mantém por um misto de domínio comunicacional, redes de influência e falta de alternativas mobilizadoras, a inércia da oposição apenas reforça o status quo. Aqueles que não percebem a necessidade de romper com a conjuntura acabam condenados à irrelevância. E no arquipélago, onde o jogo democrático é frequentemente distorcido, essa conjuntura não é apenas um contexto difícil, é uma Ditadura Camuflada. Pelos visto uma estabilidade na corrupção que a população não entende que vai pagar. Já está.

Quem adormece na oposição é despejado do jogo. Tal como um clube que se habitua a lutar pela manutenção na Segunda Liga perde a ambição de ser grande, um partido que aceita as regras da oposição sem combatê-las com inteligência ou estratégia deixa de ser uma verdadeira alternativa. Romper este ciclo exige mais do que queixas e lamentos: exige coragem, estratégia e uma visão clara de como contornar o sistema que desinforma e perpetua a dominação. Se o Marítimo quer voltar a ser um clube de Primeira, precisa de agir como tal. Se a oposição na Madeira quer ser governo, precisa de aprender a fugir da armadilha da normalização e do conformismo. Os "jogadores" contam em ambos os casos.

Nota: faz-me impressão a falta de coluna de alguns partidos que trabalham para orbitar o PSD e lhe fornecer os votos em falta, assim nunca mais termina o enguiço porque a estabilidade é sempre para aqueles que sempre "mamaram" e não pretendem mudar. Neste caso, ainda mais um parêntesis, agora sabe-se que dentro do PSD também há satélites para engrandecer o Presidente da Tribo, foi o caso de Manuel António Correia. O PSD-M tem mais satélites do que Elon Musk.

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