Sai um curso de letras para a Agricultura e um curso profissional para a Economia.


O ChatGPT ou o DeepSeek resolvem...

D urante o período eleitoral, surgiu a preocupação de que o partido JPP não dispunha de quadros qualificados para assumir responsabilidades governamentais. No entanto, as recentes escolhas de Miguel Albuquerque demonstram que a formação superior na área – ou a falta dela – é um detalhe irrelevante quando se trata de nomear os Secretários da Agricultura ou da Economia, por exemplo. O mesmo critério obscuro parece ter sido aplicado na nomeação dos 77 Técnicos Especialistas, sendo certo que a habilitação académica dos nomeados não foi um fator determinante na seleção.

Conforme a lista recentemente publicada no Madeira Opina (link), verifica-se que há Técnicos Especialistas com habilitações académicas que vão desde a escolaridade obrigatória – que pode ser a antiga 4.ª classe – até ao doutoramento, todos a auferirem exatamente o mesmo salário mensal, cerca de 3.000€. Perante esta realidade, impõe-se a questão: por que não eliminar essa despesa e reconhecer que quem efetivamente desempenha essas funções são os Diretores de Serviço, os Chefes de Divisão e os Técnicos Superiores? Na verdade, são esses os verdadeiros especialistas em cada Secretaria e os profissionais que, de facto, aconselham e auxiliam os Secretários quando necessário. E muitos nem sequer auferem o mesmo vencimento que esses falsos Técnicos Especialistas!

Caiu-se no ridículo da nomeação de fotógrafos, de secretárias de secretários, de assessoras de imprensa, de maridos e mulheres de diretoras e diretoras e até de juristas, mulheres de ex-secretários para o tacho de Técnico Especialista! E esta gente não faz mais nada para além do seu trabalho de origem.

Senhor Presidente, é tempo de pôr fim a esta burla. Os que acreditaram em si precisam de o ver a tomar medidas de fundo e terminar com esta incoerência.

Voltando ao que realmente importa: a Secretaria Regional da Agricultura encontra-se extremamente fragilizada após a desastrosa gestão de Rafaela Fernandes, tornando a sua recuperação uma tarefa árdua. Por isso, Miguel Albuquerque deveria ter sido mais criterioso na escolha do novo responsável. Nomear alguém de Letras para a Agricultura não parece, de forma alguma, a decisão mais adequada. Talvez Nuno Maciel tivesse sido melhor aposta na Educação, onde certamente faria um excelente trabalho, sobretudo considerando que o atual titular da pasta, um bronco que já deveria ter sido substituído há muito tempo, continua no cargo. Não seria melhor ter despachado o Professor de Educação Física para a Jaime Moniz e encaminhar uma ou duas dirigentes histéricas que por lá andam para as respetivas escolas e dar carta branca a Nuno Maciel para colocar a Educação nos carris, pondo fim às centenas de professores destacados que tanta falta fazem nas respetivas escolas? Era aqui que Nuno Maciel iria brilhar porque, é esta a sua área.

Na Secretaria Regional da Agricultura, existem Engenheiros Agrícolas, Agrários, Zootécnicos, Veterinários e Biólogos. A Agricultura precisava de nomes como Paula Jardim, ex-Presidente do IVBAM, ou Marco Gonçalves, Gestor do Proderam. Ambos, agrónomos com provas dadas na Agricultura e também eles vítimas do dedo maquiavélico de Rafaela. Estes dois nomes poderiam ter sido uma excelente opção para a Agricultura. Mas não, Albuquerque achou que para endireitar a Agricultura teria de ser alguém de Letras. Era preciso alguém que soubesse escrever direito por levadas tortas.

Assim, tal como o escolhido para liderar a Agricultura foi um licenciado em Letras, com experiência política mas zero experiência em Agricultura, o escolhido para liderar a Economia foi alguém com um Curso Profissional na área do Jornalismo e muita experiência política, mas zero formação em Economia. E ambos aceitaram. Corajosos.

Dizem que Nuno Maciel é um homem muito ambicioso. Esperemos que essa ambição se traduza, acima de tudo, em vontade de aprender e numa árdua capacidade de trabalho para reconstruir tudo o que foi destruído pela incompetência da sua antecessora. É que Rafaela não concluiu uma única orgânica; humilhou profissionais; destratou técnicos altamente qualificados; promoveu e despromoveu amigos; destruiu, sobretudo, o que de bom se havia feito na Agricultura. Arrasou a Escola Agrícola, o Laboratório de Veterinária e Segurança Alimentar e negligenciou a Assistência Técnica, tornando-a cada vez mais escassa e desatualizada. Anulou serviços. Ridicularizou e bloqueou sucessos digitais anteriores, mas foi incapaz de criar uma única inovação digital. Reinou pelo medo e pela opressão. Só aqueles a quem nomeou Técnicos Especialistas sentirão a sua falta.

Esperemos que Miguel Albuquerque seja capaz de reconhecer que, afinal, Rafaela é uma incapaz no que toca à liderança, quer de serviços, quer de pessoas e a impeça de voltar a liderar o que quer que seja, muito menos pessoas, durante muitos e bons anos. O lugar dela é na Assembleia, no epicentro do conflito.

Ao longo dos últimos meses, os verdadeiros heróis na Agricultura foram os Diretores Regionais Marco Costa e Daniel Mata que, cumprindo com elevado brio e dedicação as diretrizes emanadas superiormente, nunca deixaram de proteger e tranquilizar as suas equipas, dando-lhes sempre uma palavra de conforto e esperança de dias melhores. Esperemos que Miguel Albuquerque não se esqueça deles nesta próxima legislatura.

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