E se o Salário Mínimo não fosse o que dizem?


V endem-nos a ideia de que o "salário mínimo" é uma ajuda, uma forma de nos impedir de voltar a esfregar fuligem em chaminés vitorianas. Agradecemos a gentileza, mas quando o fisco e a companhia de águas já levaram a sua parte – o imposto do "privilégio de respirar no Planeta Terra", como eu lhe chamo – as nossas poupanças ficam tão depauperadas como um esquilo no inverno. Faz-nos pensar se não haverá um jogo maior em curso, não é verdade? Talvez os pombos estejam envolvidos.

Porque, pensemos a sério, o que é sequer "justo" neste jogo viciado? Algum pobre coitado trabalha arduamente num emprego essencial, mal conseguindo sobreviver, enquanto outro chuta uma bola e ganha mais numa semana do que o primeiro vê numa vida inteira. Parece-lhe bem? A mim, certamente que não.

Dizem-nos que o salário mínimo é a base, um protetor. Mas será que já demos realmente uma boa vista de olhos a esta paisagem? Quais são as fissuras ocultas nesta estrutura aparentemente bondosa? Quem são as figuras sombrias a puxar os cordelinhos, a beneficiar de manter a "base" tão… básica? Conhecer os jogadores e o campo é fundamental para compreender toda a maldita partida.

É uma palhaçada engraçada, esta coisa do "trabalhar para viver". Oito horas por dia, cinco dias por semana – quem é que rabiscou isto nas tábuas da lei? Votámos todos num pub, certa noite? Ou foi decidido por nós, por algum comité invisível com a sua própria agenda?

Pense nisto: aparecemos neste rochedo a girar, sem fatura anexada. Os pássaros constroem os seus ninhos, as raposas caçam, os texugos simplesmente vagueiam – sem folhas de ponto, sem metas trimestrais. Então, qual é a grande diferença entre nós e eles que nos obriga a esta labuta interminável só para… existir?

E estas contas! Chegam com o baque de um carteiro mal-humorado numa segunda-feira de manhã. Imposto municipal pelo "privilégio" de ter um telhado. Contas de água pela ousadia de ter sede. Os nossos avós não tinham este sangramento constante, pois não? Bebiam da fonte sem pensar duas vezes. Então, o "progresso" significou apenas mais e mais formas de nos esfolar?

Faz-nos pensar, não faz? Estabeleceram as "regras de combate": trabalhe estas horas, ganhe isto, pague aquele imposto. Mas quem está realmente a encher os bolsos no final do dia? E estaremos tão atolados na labuta diária que nos esquecemos sequer de questionar os alicerces de todo este edifício? Talvez, só talvez, mantendo-nos na roda do hamster, pensem que não vamos reparar na maior fraude.

Isto tudo parece uma partida cósmica, os nossos magros salários a encolherem contra o custo cada vez mais alto de… bem, de tudo. Dá vontade de encontrar outra pessoa a sentir o aperto e ter uma boa queixa, um pouco de pavor existencial partilhado para tornar tudo um pouco menos maluco.

Apenas alguns pensamentos a pairar na minha cabeça. O que é que acha? É assim que as coisas são, a ordem natural? Ou há algumas perguntas gritantes que estamos todos demasiado exaustos para fazer? Faz-nos pensar, não faz? Talvez aquela conspiração dos pombos não seja assim tão descabida. Quer falar sobre isso? A desgraça gosta de companhia, afinal.

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