Percepção de segurança na ilha da Madeira ...

 


... face aos Assaltos a Carros e ao Crescente Consumo de Drogas

A Madeira tem sido, durante décadas, um exemplo de tranquilidade e segurança, tanto para quem cá vive como para quem nos visita. No entanto, nos últimos tempos, essa imagem tem vindo a ser progressivamente manchada por fenómenos que, embora antes pontuais, começam a tornar-se demasiado frequentes para serem ignorados. Falamos, em particular, do aumento de assaltos a viaturas e do crescimento preocupante do consumo de drogas, fenómenos que, interligados ou não, contribuem de forma clara para a degradação da percepção de segurança na Região.

Os relatos de assaltos a carros sucedem-se quase diariamente. Muitas vezes acontecem em zonas centrais, outras em locais mais isolados, mas a regularidade com que estes episódios ocorrem já começa a alterar os hábitos e a gerar desconfiança. Deixar o carro estacionado, mesmo por poucos minutos, tornou-se um motivo de preocupação constante, levando muitos madeirenses a evitarem determinadas zonas ou a retirarem tudo do interior das viaturas com receio de se tornarem alvos.

A esta realidade soma-se uma problemática ainda mais complexa: o aumento visível do consumo de drogas, especialmente entre jovens e populações em situação de vulnerabilidade. Em várias zonas da ilha, já é comum ver comportamentos associados ao consumo de substâncias ilícitas a qualquer hora do dia, com todos os riscos sociais e de segurança que isso acarreta. A presença de toxicodependentes em espaços públicos, muitas vezes em estados alterados, além de gerar um sentimento de insegurança, é também reflexo de uma falha social mais profunda que não pode continuar a ser ignorada.

Estes dois fenómenos alimentam-se mutuamente. O consumo de drogas está frequentemente ligado a pequenos furtos e assaltos como forma de sustento do vício. Ignorar esta relação é tapar o sol com a peneira. E enquanto a Madeira continua a ser promovida como destino seguro, é urgente que se enfrente esta nova realidade com medidas concretas.

A resposta tem de ser estruturada e multidisciplinar. A presença policial é importante, mas não chega. É preciso reforçar a prevenção, apostar seriamente na saúde pública, no tratamento da toxicodependência e na reabilitação. As escolas, as famílias e as comunidades têm de ser envolvidas num esforço coletivo para travar esta espiral. Por outro lado, a justiça e as forças, de segurança devem agir com eficácia para identificar e travar os responsáveis pelos crimes que afetam a paz social.

A Madeira continua a ter tudo para ser um lugar seguro. Mas segurança não é apenas a ausência de crime: é também a existência de um ambiente social saudável, onde as pessoas se sintam protegidas, cuidadas e integradas. Só assim se pode garantir uma ilha onde a confiança, a tranquilidade e o bem-estar voltam a ser a norma, e não a exceção.

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