Resposta ao texto “A Primavera é Deles – Abril por Encomenda”


L i o artigo. Li devagar, com aquele olhar de quem já viu este tipo de crónica mascarada de revolução amarga. E pensei: quantos mais vão precisar desvalorizar os outros para se sentirem relevantes? Nunca fui um nome comprado, nem precisei de ajudas, subsídios ou palmadinhas institucionais nas costas. Ao contrário de certos divos e divas da nossa praça, que vivem do favor, do compadrio e da pose, os meus projetos nasceram da garra, da solidão criativa e do trabalho. Nunca cantei ou fiz música para agradar, fiz para dizer. Nunca entrei para encher calendário, entrei para incomodar, construir, propor. Fiz, e continuo a fazer, tudo à minha imagem. Com corpo, voz e sangue. Sem filtros.

Quando dizem que Abril é deles, talvez queiram dizer que lhes dói não terem espaço onde gritar. Mas os palcos não são propriedade privada. Conquistam-se com verdade, não com veneno. O Abril que canto não é de catálogo. É de raiz.

É curioso ver envolvidos nestes ataques alguns músicos que, por motivos conhecidos, já não fazem, ou nunca fizeram, parte dos meus projetos. Frustração, talvez. Ou dor de ego por não terem continuado. E ainda há aquela figura que há muitos anos aceitou ser pano de fundo e que, na minha ausência, teve palco emprestado. Hoje quer ser farol, mas brilha apenas com a luz das roupas e da maquilhagem. Porque, a cantar, é mais do mesmo – um sinónimo de petulância e domínio sobre quem toca com ela, como fiéis cachorrinhos. São mestres na arte de fingir, de iludir o público com simpatias de ocasião. Mas a mim não enganam.

E sim, todos sabem que ela se faz de sonsa. Obviamente não escreve – mas manda escrever. Encomenda os textos com ar de santinha, mas por trás mexe os cordelinhos. Um teatro que já não convence.

Agora junta-se à festa um dos novos amigos por conveniência da diva – um cantor intelectual dos projetos alternativos. Curiosamente, muito amigo do tal ícone das noites de bebedeira. E o mais irónico? Esses três, juntam-se agora, sem querer, a outros seus inimigos de estimação, tudo numa só luta contra mim. Um espetáculo de hipocrisia com bilhete gratuito para quem gosta de circo.

Já não é o primeiro texto encomendado por músicos frustrados, por uma diva do ressentimento, ou por esses nossos conhecidos. Mas o mais curioso é que até antigos inimigos entre si – do cantor ao intelectual, da diva ao ícone da bebedeira – parecem ter encontrado em mim um inimigo comum. Quando até os rivais se unem, algo estás a fazer bem.

E sim, fazem bullying. Tentam ridicularizar, descredibilizar, desestabilizar. Mas eu aguento-me sempre – como o senhor que sou.

Ia assinar o meu nome por baixo, mas vocês já devem saber quem se trata. Logo, não é necessário, meus caros. Quando quiserem, já sabem onde estou.

In the mood (de bom humor):

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