Complexos de inferioridade


Agora o Subsídio de Mobilidade para Ricos está acessível em suaves prestações.

O povo superior nunca muda. Qualquer coisinha que faça os madeirenses pensarem que podem ser os melhores do mundo em alguma área logo vira uma grande moda da viloada superior e bacoca. E o “melhor” que nos podia ter acontecido era ter havido uns superiores num festival da Eurovisão. Não vou comentar se desafinam ou têm jeito para a coisa senão a ilhota lobotomizada desatará logo toda ao insulto.

Viva os Napa! São madeirenses por isso vamos todos fazer deles os melhores de Portugal…

Mas as modas têm coisas boas e às vezes passam tantas vezes na rádio que não podemos fugir delas.

Ao fazer um percurso dentro do Funchal, em mais do dobro do tempo que usualmente demorava, e que consegui fazer em cerca duma hora e apenas graças a uma técnica apurada de fura filas 😀, dei por mim a cantarolar uma nova letra para a música dos Napa. Tudo graças aos milhares de carros dos “roundabout” que o turismo de massas do tonto ignorante fdp secretário que não percebe de turismo nem de proteger a qualidade de vida do povo madeirense nem de proteger os recursos da ilha, e graças às obras que a CMF decidiu adjudicar a preço inflacionado de amigo à Tecnovia para que haja dinheiro para o subsídio de férias dos trabalhadores deste sector tão protegido pelo tonto fdp do Cocas. Asfalto em vez de obras nas escolas que metem água nos seus pavilhões de desporto. Betão em vez de gastar em projectos sustentados para tirar os sem abrigo da rua. Subsídios às empresas dos amigos em vez de projectos de literacia financeira para o povo. Comunicação social que em vez de elucidar e fazer jornalismo de investigação só engana o povo. Polícias e autoridades que fecham os olhos e até são coniventes com tudo o que tem ligações laranja.

Festivais, festas e ponchas para gastar o pouco que se poupa num mês, ralys para esquecer as agruras da vida, atropelamentos seguidos de fuga, comas alcoólicos de todas as idades, violência doméstica, suicídios, agressões, roubos, vidas dum povo cada vez mais mendigo e mais em sofrimento e sem um futuro decente à vista.

Próximo ano irei ao festival com a letra que mais à frente escreverei, vou mudar apenas o título e uns acordes e com certeza terei os vossos filhos, os superiores descendentes a cantarola-la a toda a hora.

Alguém da área da música ou até do humor que tenha voz minimamente decente que queira ter um hit de sucesso, estejam à vontade. Não registarei os direitos de autor.

Mas tudo há-de melhorar porque teremos um pediatra de quem todos falam bem como chefe dos destinos desta cidade, tem tudo para dar certo… Até há pouco tempo as pessoas impunham-se, ofereciam-se e até exigiam os cargos, agora passou-se a obrigar pessoas bem vistas na sociedade a aceitarem cargos políticos para os quais não têm a mínima competência, tudo em nome de fazer o povo cada vez mais enganado, as coisas estão a mudar até nisto…

Desesperado

Conto as horas para mim
Com o depósito atestado
Já quase não restava nada
do gasóleo evaporado

Do trânsito vejo apenas fumos
Mesmo por trás dos carros
Mulher não olhes à janela
Que eu nunca mais vou chegar a casa
Que eu nunca mais vou chegar a casa
Que eu nunca mais vou chegar a casa
Que eu nunca mais vou chegar a casa

Por mais que possa parecer
Eu nunca vou pertencer
A esta cidade
O mar de turistas
A fumaça encobre as vistas
O monte de betão 

Só me provoca náusea
Não me convoca a alma
Porque eu vim de perto,
Não vim do meio do mar,
No coração da cidade
Eu passo a vida inteira 

O meu caminho eu faço a pensar
Em fugir
Da minha casa, da ilha da Madeira
Se eu te explicar palavra a palavra
Nunca vais entender a dor que me mata
A solidão que assombra a hora de conduzir
Carrego o desespero de não poder fugir 

Mulher não olhes à janela
que eu nunca mais vou chegar
Por mais que possa parecer
Eu nunca vou pertencer
A esta cidade
O mar de turistas
A fumaça encobre as vistas
O monte de betão 

Só me provoca náusea
Não me convoca a alma
O mar de turistas
A fumaça encobre as vistas
O monte de betão
Só me provoca náusea
Não me convoca a alma


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