H á uma certa resignação filosófica a insinuar-se no discurso relativamente ao processo democrático. Poder-se-ia observar que, quando a população parece determinada a precipitar-se para o desastre, os próprios princípios da democracia aparentemente nos compelem a seguir o mesmo caminho, ainda que com um travo distintamente amargo na boca. Isto exige uma aceitação talvez relutante da soberania do povo, mesmo que o seu rumo escolhido cheire a infortúnio iminente ou culmine no que poderia ser sombriamente denominado um destino tenebroso. De facto, a vontade popular, mesmo quando nos guia por caminhos decididamente acidentados, detém o poder supremo numa democracia, deixando-nos acatar o seu decreto, talvez com um suspiro melancólico se o seu anseio mais profundo parecer ser pela sua própria ruína. Afinal, esta trajetória potencialmente calamitosa não é senão uma consequência direta da liberdade de escolha que tão prontamente defendemos.
Numa nota mais pessoal, a preferência aqui inclina-se fortemente para a frontalidade de um adversário declarado em detrimento da insinceridade açucarada de uma afeição fingida. Por todos os meios, hasteiem as vossas cores, mas poupem-me a elaborada pretensão; a vacuidade de uma simpatia simulada é um fardo rapidamente descartado. Se acalentam aspirações de se tornarem a minha némesis, que assim seja, isso não apresenta nenhum problema particular. Contudo, a exibição teatral de apreço é uma atuação para a qual este indivíduo em particular não tem bilhetes. Se a aversão é o vosso verdadeiro sentimento, então por todos os meios, expressem-no, mas por favor abstenham-se da moeda falsa da amizade. A verdade despida, por mais cortantes que sejam as suas arestas, possui uma integridade inerente que eclipsa completamente qualquer fachada tão insincera. A luva da oposição declarada é aceite sem hesitação; é a desonestidade flagrante de uma afeição fingida que verdadeiramente irrita. Sejam autênticos, mesmo que isso signifique estarem lado a lado com os meus antagonistas.
O recente panorama eleitoral revela uma intolerância palpável entre o eleitorado para com a corrupção que aparentemente assolou a esquerda, resultando num voto punitivo desferido com considerável força. A questão pertinente paira agora no ar: estender-se-á esta mesma intolerância feroz para abranger a corrupção que emana da direita, particularmente tal como personificada por figuras como Montenegro e Albuquerque, que agora sobem ao palco? Poder-se-ia até detetar uma nota de sarcasmo azedo ao observar este aparente espasmo de puritanismo anti-esquerda, e simultaneamente ponderar se um padrão semelhante será aplicado quando o sapato político estiver no outro pé. A rejeição enfática da alegada má conduta da esquerda manifestou-se inequivocamente num voto punitivo decisivo, mas o destino de condutas comparáveis na direita permanece uma questão em aberto. De facto, não se pode deixar de questionar se o mesmo escrutínio rigoroso aplicado à esquerda, em resposta à sua corrupção supostamente nauseabunda, será aplicado à direita, com Montenegro e Albuquerque agora a segurarem as rédeas.
Um episódio bastante curioso desenrolou-se com Miguel Albuquerque que, no próprio dia das eleições, fez um apelo direto e público ao voto na AD. O que é particularmente notável é que o eleitorado, em vez de o penalizar pelo que alguns poderiam considerar uma intervenção indevida, aparentemente atendeu ao seu apelo. Colocando-o de forma mais direta, no dia da votação, Albuquerque fez o seu pedido, e a população, em vez de o marcar negativamente nas urnas, demonstrou seguir a sua linha. Os mais cínicos entre nós poderiam até sugerir que Albuquerque teve a audácia de fazer uma solicitação tão direta no próprio dia do sufrágio, e os eleitores, longe de o rejeitarem, seguiram fielmente a sua liderança. Isto leva à observação concisa mas enfática: o apelo de Albuquerque no dia das eleições não foi recebido com censura, mas com aparente obediência. Figurativamente falando, no dia em que os votos foram contados, Albuquerque lançou o seu apelo, e o povo, em vez de registar a sua desaprovação, curvou-se perante o seu pedido.
Uma corrente subterrânea bastante inquietante de potencial conspiração surge agora relativamente àqueles que votaram na AD. Deve-se colocar a questão direta: foram feitas promessas de um banquete suntuoso em troca de evidências fotográficas do boletim de voto preenchido? É de facto perplexo que certos indivíduos pouco escrupulosos neguem persistentemente a existência de tais práticas potencialmente fraudulentas. Poderá esta negação talvez decorrer de um medo profundo de que a figura paternal ou maternal que lhes providencia o sustento possa subitamente ver o seu fluxo de rendimentos cortado? Ou talvez a influência sombria de um padrinho local esteja aqui em jogo? É chegada a hora, concidadãos, de despertarmos para estas possibilidades inquietantes. Colocando-o em termos mais diretos: receberam os eleitores da AD um jantar de arromba após apresentarem uma fotografia do seu voto? E, no entanto, persistem negações veementes de tais esquemas! Poderá isto ser motivado pelo medo de que a mãe ou o pai percam a sua sinecura confortável, ou que a generosidade do padrinho cesse abruptamente? Chegou o momento, povo, de abrirem os olhos para estas transações potencialmente duvidosas, esta intrincada teia de alegada intriga onde uma ceia opulenta poderá ser a recompensa pelo testemunho fotográfico do vosso sufrágio. Tremem aqueles que negam veementemente estas práticas perante a perspetiva de perderem a própria mão que os alimenta, ou o patrocínio do seu influente benfeitor? Concidadãos, é imperativo dissipar esta névoa de negação e confrontar a verdade potencialmente desconfortável.
Voltando a nossa atenção para o delicado ecossistema da Madeira, a evidência sugere cada vez mais que a maré implacável do turismo de massas se revela mais prejudicial do que até a emigração desregulamentada, não contribuindo nenhum dos fenómenos positivamente para o bem-estar a longo prazo desta região única. De facto, uma avaliação mais direta seria que o turismo de massas inflige maiores danos do que a emigração descontrolada, sendo ambos, francamente, fardos dispensáveis. Nesta joia do Atlântico, o turismo de massas causa mais estragos do que o fluxo desordenado de migrantes, representando ambos uma forma de excesso indesejável que a ilha mal pode suportar. Para o afirmar de forma concisa e inequívoca: a Madeira enfrenta uma dura realidade onde o turismo de massas é demonstravelmente mais prejudicial do que a emigração desregulamentada, sendo ambos, em última análise, indesejáveis. Localmente, encontra-se frequentemente a opinião direta de que este turismo de massas implacável realmente estraga mais as coisas do que as pessoas a chegarem sem os devidos canais, e francamente, nenhum dos dois é genuinamente necessário para a prosperidade sustentada da ilha.
Tendo tomado a decisão consciente de votar numa entidade política com inclinações demonstrativamente fascistas, como o CHEGA, dever-se-ia, com toda a justiça e com um grau de autoconsciência, abster de futuras lamentações relativamente às inevitáveis consequências. Uma pronunciação mais direta e talvez cautelosa seria: escolheram ativamente votar em elementos dentro do CHEGA que exibem tendências fascistas? Doravante, fariam bem em guardar as vossas queixas subsequentes para vós próprios. Tendo o vosso voto, em efeito, legitimado a ascensão de tais forças políticas, tal como personificadas pelo CHEGA, não vos deveis permitir, com o tempo, o luxo de expressar surpresa ou consternação perante os eventos que se desenrolam. Em termos concisos e assertivos: votaram em fascistas do CHEGA? Então queixas posteriores serão totalmente fúteis. Ou, como se poderia ouvir expressar com um toque de amarga ironia no vernáculo local, então votaram nos fascistas do CHEGA? Não venham chorar para mim depois com as vossas queixas.
A situação perplexa em torno de Carlos Pereira, que é alegadamente um infiltrado da AD a operar nas fileiras do PS, exige urgentemente esclarecimentos para o povo da Madeira relativamente à intrincada situação eleitoral em Setúbal. Alternativamente, talvez devesse simplesmente formalizar a sua lealdade há muito suspeitada, aderindo abertamente à AD, uma vez que a sua principal motivação, por todas as indicações discerníveis, parece ser a busca de ganhos financeiros pessoais, potencialmente à custa tanto do povo da Madeira como da integridade do Partido Socialista. Certas incongruências flagrantes dentro de todo este caso desafiam qualquer aparência de compreensão lógica. Uma interpretação mais direta e decididamente sarcástica seria que este Carlos Pereira, a suposta toupeira da AD a escavar dentro do PS, precisa agora de oferecer uma explicação convincente do fiasco eleitoral de Setúbal ao povo madeirense, ou então oficializar as suas lealdades e desertar para a AD de vez, uma vez que o seu único interesse parece residir em encher os seus próprios bolsos, em vez de servir os interesses dos madeirenses ou defender os princípios do PS. Alguns aspetos de todo este negócio simplesmente não fazem sentido. Figurativamente falando, Carlos Pereira, o próprio cavalo de Troia da AD estrategicamente colocado dentro do PS, precisa urgentemente de desvendar as intrincadas maquinações eleitorais de Setúbal ao povo compreensivelmente perplexo da Madeira, ou, sem mais delongas, alinhar-se abertamente com a AD, uma vez que o seu olhar, ao que parece, está firmemente fixo no enriquecimento pessoal, em vez do bem-estar dos madeirenses ou da integridade fundamental do Partido Socialista. Existem de facto profundos enigmas em jogo aqui que resistem teimosamente a uma explicação lógica. Em termos concisos e acusatórios: Carlos Pereira: infiltrado da AD no PS? Explique Setúbal, ou mude para a AD. Interesse financeiro próprio, não madeirenses, nem PS. Totalmente incompreensível. De forma mais coloquial e com um toque de provocação, poder-se-ia ouvir dizer que Carlos Pereira, amplamente suspeito de ser uma planta da AD profundamente enraizada dentro do PS, precisa agora de confessar ao povo madeirense sobre a farsa absoluta das eleições de Setúbal, ou então fazer a mudança inevitável para a AD de vez, uma vez que ele está claramente nisto apenas pelo que pode obter, com escasso respeito pelos madeirenses ou pelos princípios fundacionais do PS. Alguns aspetos desta situação simplesmente desafiam a crença.
Em meio a este panorama bastante turbulento, uma convicção permanece firme e inabalável: em tempos de triunfo e de adversidade, a minha lealdade permanece absoluta: Partido Socialista, sempre! Independentemente do fluxo e refluxo das marés políticas, a minha identidade central e lealdade inabalável permanecem firmes: Partido Socialista, ontem, hoje e para sempre. Vitória e derrota são apenas duas faces da mesma moeda política; a minha escolha fundamental, contudo, permanece constante e resoluta: Partido Socialista. Através de momentos de triunfo retumbante e perante desafios assustadores, o meu apoio permanece firme e sempre presente: Partido Socialista. Para expressar este sentimento com uma cadência mais refinada e formal: a conjuntura política prevalecente é fluida e sujeita a mudanças constantes, mas a minha adesão é perene e duradoura: pelo Partido Socialista, em qualquer cenário concebível.
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