"Xonet travês"


Viva, resistentes do Correio da Madeira, agora Madeira Opina!

N estes tempos surgem aspectos que me dão a volta ao estômago tendo em conta a ignorância patológica, o fascismo a vir ao de cima. Agora, mais uma vez, foi a (...) da Isabel Jonet, que afirma que quem recebe a miséria do RSI deveria prestar trabalho,...

... isto vindo de alguém que diz que trabalha há 25 anos no Banco Alimentar sem receber nada, diz a mesma...

... e até o "palhaço" que se encontra neste momento na presidência da república. Gostaria de saber como ela paga, no mínimo, o IMI (se não tiver casa própria, a despesa é bem maior em rendas), a água, a energia. Não pergunto pela alimentação, pois deduzo que, como qualquer voluntário que se preze, desvia uns bens da caridade para seu proveito próprio (a propósito, vejam a diferença entre caridade e solidariedade e tirem as vossas conclusões. Como estamos rodeados dessas bestas imundas hipócritas que são os católicos, que mataram milhões dentre os seus e continuam a matar sub-repticiamente, os mesmos gostam da caridadezinha fascizante, vertical pois mantém uma relação hierárquica entre quem dá e quem recebe e, de preferência como cereja no topo do bolo, há “publicidade” associada).

O que ainda não perceberam foi o óbvio: se um banco alimentar contra a fome só se justifica em períodos de guerra, emergência e urgência, e se em Portugal o mesmo existe há 25 anos e a crescer, então significa que andamos há 25 anos em estado de emergência. A desigualdade estrutural mata, mas hoje em dia nem existe a noção de “estrutura” na típica estrutura mental do pensamento, logo, não conseguem pensar, sequer.

Agora, vem esta estultíssima donzela referir que quem recebe o RSI devia ter que trabalhar em troca do mesmo, nem que seja trabalho comunitário. Bem, comecemos pela definição de prestações sociais. “As prestações sociais são benefícios financeiros e de apoio em espécie, concedidos aos cidadãos e famílias, geralmente por meio do sistema de segurança social, para garantir proteção social e apoio em situações de necessidade. Eles são direcionados para cobrir riscos como desemprego, doença, maternidade/paternidade, invalidez, velhice e pobreza” 

Bom, nesta definição inclui-se o RSI, entre outros.

Caso comecemos a interligar o acesso a prestações sociais, sejam quais forem, à prestação de trabalho, estamos a inaugurar uma nova relação laboral jurídica: se queres prestações sociais, trabalha. Assim, com o tempo e a sua inevitável dialéctica, as empresas e Estado deixam de contratar trabalhadores, passam a pagar uma miséria para um fundo (seja Segurança Social ou outro) e recebem trabalhadores transformados em “voluntários” ou escravos. Que lindo, não é?

Enfim, a desigualdade é que é a criadora de toda a destruição social, económica, entre outras. As medidas que efectivamente combatem a desigualdade são chutadas para canto (salários, habitação, saúde, educação, justiça, etc.) e andam aqui aos miados inconsequentes. O trabalho, como elemento estrutural e estruturante da sociedade, não pode deixar de dignificar, de integrar, de compensar. Como o trabalho não compensa, não integra nem dignifica nos tempos que correm, é mais do que natural que todos irão fugir deste trabalho escravo. Daí, eis que vão-se embora, dedicam-se ao crime, droga, tráfico, prostituição, a receber prestações sociais de maneira ilícita, etc. Resolvam o trabalho e os seus problemas objectivos e todos quererão trabalhar, desde que o mesmo proporcione dignidade e, com isso, liberdade entre outros princípios. É tão difícil compreender isso?

Mas o Banco Alimentar continua a receber alimentos e voluntários e temos população que, por recorrer à IA, já não sabem usar as capacidades/competências que delegaram na máquina e estão felizes por isso. Nunca vi tanto engodo e anzóis a descoberto mas os peixinhos que são comidos nem conseguem ver isso.

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