Frondosas em vez de Palmeiras


H ouve um fetiche por Palmeiras na Madeira e deu barraca, introduziram o escaravelho. Creio que é tempo de nos afirmarmos pelo que somos e não querendo ser "tropicais". Assim, acho que é de bom censo começar ter a política de quando morre uma palmeira ser substituída por uma frondosa. Já perdemos muitas oportunidades.

O Funchal é quente, felizmente que este Verão, até aqui, tem sido fresco, mas há urgência de preparar sombras. A paisagem da Madeira, conhecida pela sua exuberância e beleza natural, tem sido marcada pela presença de palmeiras em diversas áreas urbanas e costeiras. Contudo, perante os desafios crescentes das alterações climáticas e a necessidade premente de melhorar a qualidade de vida dos seus habitantes e visitantes, urge repensar a predominância destas espécies em favor de árvores frondosas que ofereçam uma sombra mais eficaz e sustentável. É preciso arrefecer as "moleirinhas", o alcatrão e o betão.

As palmeiras, embora esteticamente apelativas e icónicas de climas quentes, são, paradoxalmente, pouco eficientes na projeção de sombra densa e ampla. As suas copas altas e esguias, com folhagens que permitem a passagem de grande parte da radiação solar, não proporcionam o alívio térmico necessário em dias de calor intenso. Este é um fator crítico, especialmente em ilhas como a Madeira, onde a temperatura média anual tem vindo a aumentar, e as ondas de calor se tornam mais frequentes e severas. Os estudiosos dizem que vamos aquecer mais e que o Reino Unido ficará com o nosso clima.

A substituição estratégica de palmeiras por árvores com copas mais densas e largas, como as frondosas nativas ou adaptadas ao clima madeirense, traria uma série de benefícios ambientais e sociais inegáveis:

  1. Combate às Ilhas de Calor Urbanas: As cidades e vilas tendem a acumular e reter calor, criando as chamadas "ilhas de calor urbanas". Árvores frondosas atuam como condicionadores de ar naturais, sombreando pavimentos, edifícios e espaços públicos. Esta sombra densa pode reduzir a temperatura da superfície em até 20-45°C e a temperatura do ar em 2-4°C, tornando os espaços significativamente mais frescos e agradáveis. Este arrefecimento natural diminui a necessidade de sistemas de ar condicionado, resultando em poupanças de energia e redução das emissões de gases de efeito estufa.
  2. Conforto Térmico para Pessoas: A sombra generosa é crucial para o bem-estar da população, especialmente para idosos, crianças e indivíduos mais vulneráveis ao calor. Permite que praças, ruas e calçadas sejam utilizadas confortavelmente durante mais horas do dia, incentivando a atividade física ao ar livre, o convívio social e o comércio local. A falta de sombra pode levar as pessoas a evitar espaços públicos, diminuindo a vitalidade comunitária.
  3. Saúde Pública: A exposição prolongada ao sol sem proteção aumenta o risco de problemas de saúde, como escaldões, insolação e, a longo prazo, cancro de pele. Árvores frondosas oferecem uma barreira natural contra a radiação UV, contribuindo diretamente para a saúde pública.
  4. Biodiversidade e Ecossistemas: Muitas espécies frondosas, especialmente as nativas, são cruciais para a biodiversidade local. Atraem aves, insetos polinizadores e outros animais, criando micro-ecossistemas urbanos mais ricos e resilientes. Além disso, as suas raízes contribuem para a estabilização do solo e a infiltração de água, mitigando a erosão e ajudando na gestão da água da chuva.
  5. Valorização Estética e Paisagística: Embora a palmeira tenha o seu encanto, uma variedade de árvores frondosas pode enriquecer a paisagem urbana com diferentes texturas, cores e formas ao longo das estações, criando ambientes visivelmente mais agradáveis e dinâmicos.

Há antepassados que plantaram árvores para colhermos frutos agora, a nossa missão deve ser plantar "sombra", é um investimento no futuro das zonas urbanas da Madeira. Não resisto, o Dubai é um erro.

A transição de palmeiras para árvores frondosas na Madeira não é apenas uma questão estética, mas uma decisão estratégica e urgente que reflete um compromisso com a sustentabilidade, a saúde pública e a adaptação às mudanças climáticas. É um investimento no conforto e bem-estar das gerações presentes e futuras, tornando a ilha não só mais bela, mas também mais habitável e resiliente perante os desafios ambientais que se avizinham. Implementar esta mudança é assegurar que a "Pérola do Atlântico" continue a brilhar, oferecendo não só a sua beleza, mas também a sombra vital que todos precisamos.

Pensem nisso nas próximas Autárquicas, é preciso estudar cada frondosa para cada tipo de arruamento.

Madeira Opina, obrigado pela publicação, estimo o vosso trabalho.

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