Carlos e a maratona ao passo de caracol 🐌


Ilustração: 20 mil léguas submarinas de Jules Verne

N o Funchal, o PSD apresenta um candidato que promete “passos firmes rumo ao futuro” — mas entra na corrida a coxear. Entre promessas bambas e alianças mancas, Carlos aposta que, nesta cidade, não ganha quem corre mais… mas quem tropeça com mais estilo.

No Funchal, o PSD decidiu inovar, mas fê-lo à sua maneira.

Apresentou Carlos, o candidato que já começa a corrida… a coxear. Não é acidente, é metáfora viva: uma perna ainda agarrada ao passado, a outra tropeçando no presente. Um passo em frente, dois de lado, e o resto da coreografia é improvisada.

No lançamento da candidatura, falou-se de “passos firmes rumo ao futuro”. Só que ninguém se lembrou de perguntar: futuro para quem? Porque há quem suspeite que seja um futuro tão lento que até o relógio vai ter tempo para fazer uma sesta. Um futuro pensado para não incomodar, não mudar, não abalar o conforto de quem vive bem com o “devagar e sempre”.

As promessas já começaram a aparecer: vagas, bambas, com aquela cadência de quem prefere não se comprometer. Fala-se em “ouvir as pessoas”, “trazer progresso” e “aproximar a cidade das pessoas”. Palavras bonitas… mas recicladas de campanhas passadas, mudando apenas o nome do candidato no cartaz.

Ainda assim, subestimar Carlos seria um erro. Ele sabe contornar obstáculos, basta ver a lista que o acompanha: amigos de ocasião que surgem como cogumelos em época eleitoral, alianças políticas que caminham como ele, aos tropeços, e projetos que, mesmo parados, continuam a aparecer nas brochuras como se fossem grandes feitos.

O PSD vende a imagem de estabilidade, mas, na prática, é uma dança hesitante: um pé no chão, outro no ar, e um equilíbrio precário garantido por um sistema de amigos bem afinado. Carlos encaixa-se nesse quadro como luva na mão — não para correr à frente, mas para não deixar ninguém fugir do rebanho.

E no fim, quem sabe? Pode até ganhar. Não porque corra mais rápido, mas porque nesta cidade há quem vote em quem tropeça com mais estilo. É que, por aqui, a política já não é maratona, é desfile. E no desfile, o passo mais bonito não é o mais firme… é o que disfarça melhor a coxeadura.

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