Há censura ou auto-censura quando as notícias que importam não aparecem!

 

H oje, mais uma vez, as capas dos jornais da Madeira revelam mais pelo silêncio do que pelas palavras que publicam. Nem a recusa do visto do Tribunal de Contas, por causa de despesa escondida da Associação de Promoção da Madeira, nem a morte trágica de um trabalhador nas obras do Novo Hospital, factos de inegável relevância pública, mereceram destaque. Porque um é o pretendente do trono, só faltava queimar mais um, o outro acontece numa obra do proprietário, parece a mesma cena da laje que caiu.

Este vazio não é inocente. É a expressão de um ecossistema mediático condicionado, onde as notícias que podem fragilizar o regime, expor responsabilidades políticas ou questionar a gestão dos recursos públicos são relegadas para segundo plano, ou simplesmente apagadas. O que devia estar na primeira página, no centro do debate democrático, é varrido para debaixo do tapete.

E atenção que muita gente está a reparar no desaparecimento de notícias, guardam os links e passado um tempo dão erro por inexistência. Que revisionismo é este? Que perseguição da liberdade é esta? Que censura da ditadura estamos a enfrentar? Hoje é mais um dia de acusações e arguidos não explorados?

Na Madeira, o que se sente não é apenas censura direta, mas uma cultura de autocensura enraizada: jornalistas, direções editoriais e até comentadores evitam certos temas por receio de represálias, perda de apoios ou afastamento dos círculos de poder. O resultado é um espaço público amputado, onde a informação chega filtrada e onde a pluralidade se reduz a um simulacro.

Ignorar a morte de um trabalhador em contexto laboral ou um alerta do Tribunal de Contas não é apenas uma falha jornalística — é um atentado à cidadania. A democracia não se esgota em eleições: precisa de escrutínio, transparência e imprensa livre. E quando a imprensa falha, toda a sociedade perde.

Alguém estranha que um blogue de opinião seja mais visto do que jornais? Alguém percebe o fel de alguns jornalistas que deixaram de fazer jornalismo e passam o tempo a publicar curiosidades ou intrigas do tipo revistas do Jet7? Os jornais desta região morreram às mãos do poder e dos donos disto tudo, ainda não perceberam que a população está a divergir ...

Será que vamos descobrir que os jornais se financiam por esquemas idênticos aos do Nova Expressão?

Força MO, estamos convosco.

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