H á cocktails que sobem depressa à cabeça, mas nenhum tão indigesto como o Aperol Spritz do PSD. Durante anos foi servido em cor-de-rosa, docinho, com guarda-sol e sorriso para a fotografia. Mas, um dia, alguém lhe despejou o xarope laranja do PSD e o cocktail mudou de cor: não ficou nem rosé nem tinto, ficou aquele laranja fluorescente de verão barato.
Esse Aperol Spritz, que há uns tempos jurava amor ao PS, agora anda com o copo na mão a oferecer sondagens no Madeira Opina. Curiosamente, todas com o mesmo sabor artificial: o PSD com maioria, o PS reduzido a água com gás. E nós perguntamos, entre amigos: será que alguém acredita que um cocktail destes é estatística séria?
O mais divertido é que o Aperol Spritz deve andar a suspirar por um apartamento na Praia Formosa. Porque se tivesse continuado cor-de-rosa, já lá estaria, a brindar na varanda com vista para o Atlântico. Mas não: trocou o copo, trocou o partido, e agora não tem apartamento nem sondagens credíveis. Ficou furioso com o PS porque foi o próprio PS que meteu o travão no tribunal e barrou o negócio. Resultado: nem apartamentos, nem brindes, nem vitória fácil. Só espuma.
E não é de hoje. O Aperol perito também já tinha experimentado os truques do PND do “coelho”, mas o coelho saltou pela cartola e deixou-o sozinho no palco. Escreveu jornais, alinhavou crónicas, puxou da arte da escrita — mas nada resultou. O cocktail ficava bonito no papel, mas não passava da página. Só quando misturou o rosa com o laranja é que chegou perto do apartamento na Praia Formosa. E, por ironia do destino, foi o próprio partido a quem ele ergueu a bandeira que lhe bloqueou o processo. Ironia, amigo.
E convém lembrar: este Aperol não ficou laranja sozinho. Foi graças ao Caladex, um elixir milagroso que transforma qualquer socialista frustrado num laranja obediente. Bebe-se um gole e pronto: desaparece a memória, evapora-se a vergonha, troca-se a rosa pela laranja em segundos. Foi assim que o nosso cocktail mudou de cor — não por convicção, mas por conveniência líquida.
Agora anda surdo. Surdo às vozes do PS que um dia o acolheram, surdo aos amigos que lhe seguraram o copo, surdo à realidade das ruas. Dispara para todos os lados, escreve sondagens como quem despeja gelo derretido, e insiste que o PSD já ganhou. Mas no fundo é o apartamento que lhe tira o sono. O apartamento, sempre o apartamento.
O Aperol Spritz do PSD é isto: uma bebida servida em copo alto para enganar os distraídos. Parece sofisticado, mas é só laranja aguado com gás e amargura. Quem bebe, arrisca-se à ressaca. Quem acredita, arrisca-se a ficar sem casa. E ele, o grande mixólogo desta farsa, arrisca-se a ficar sem partido, sem apartamento e sem préstimo. Porque quando acabar o verão e a espuma assentar, vai-se ver que o Aperol nunca passou de água com corante — um cocktail pobre, servido para enganar a freguesia.
E que fique claro: na política, como na vida, o açúcar barato dissolve-se depressa, mas a vergonha fica agarrada ao copo. E quando o Aperol Spritz do PSD secar no fundo do copo, o que vai sobrar não é vitória — é um travo amargo de ridículo.
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