Exmo. Sr. Reitor da Universidade da Madeira
C hegaram os resultados da 1.ª fase de acesso ao Ensino Superior, e eis que seis cursos da Universidade da Madeira esgotaram as vagas disponíveis: Enfermagem, Psicologia, Ciclo Básico de Medicina, Gestão, Educação Física e Desporto, e Educação Básica. Uma notícia que, à primeira vista, até poderia ser motivo de celebração — sinal de atratividade, dinamismo e procura.
Mas, permita-me a ironia, será que agora irá refletir sobre as vagas abertas para professores em cursos onde… não há alunos?
Na UMa há cursos sem alunos… mas com professores pagos.
Sim, porque há algo de profundamente surreal nesta gestão académica. De um lado, cursos cheios, jovens motivados e uma procura evidente. Do outro, departamentos inteiros transformados em desertos, com docentes contratados para ensinar turmas sem alunos. É a Universidade da Madeira a praticar um novo conceito: o ensino superior sem ensino.
Não se trata apenas de uma questão de números, mas de responsabilidade. Como se pode justificar, perante a sociedade, que se continue a sustentar cursos que não atraem ninguém, mas que mantêm estruturas e carreiras como se fossem essenciais? Será esta a função de uma universidade — ser um santuário de vagas fantasma, em vez de um motor real de desenvolvimento para a Região?
Uma ironia dolorosa, onde há procura, não há expansão; onde não há procura, há desperdício. É quase uma lição prática de má gestão, digna de figurar nos manuais… mas como exemplo a não seguir.
Sr. Reitor, o Funchal e a Madeira merecem uma universidade que reflita as necessidades e aspirações da sua população, não um laboratório de experiências académicas desconectadas da realidade. Que o sucesso dos seis cursos hoje destacados seja também um espelho incômodo, não daquilo que a UMa faz bem, mas daquilo que insiste em fazer mal.
O Reitor continua a manter professores em cursos sem alunos — verdadeiros desertos académicos onde só sobra eco. É a alquimia universitária, onde há procura, não se expandem vagas; onde não há ninguém, multiplicam-se professores.
Talvez o curso mais inovador da UMa não seja nenhum destes, mas sim aquele que não aparece nos panfletos, o curso avançado em transformar vazio em despesa pública.
Parabéns, Sr. Reitor — nem o Harry Potter faria melhor.
0 Comentários
Agradecemos a sua participação. Volte sempre.