O bloqueio de Lisboa

 


Não sei se sou exemplo, mas acredito que não vou dizer asneiras, atendendo a que a Ryanair voa muitas vezes para aeroporto secundários e tem sucesso.

E u e muitos estamos cansados das confusões do Aeroporto de Lisboa e evitamos de passar lá com voos directos. Pode até ser um pouco mais caro, mas se evita o tempo desconfortável em Lisboa ou o medo da bagagem não vir connosco, vale a pena. Houve um tempo em que a TAP fazia voos directos da Madeira para destinos europeus, eu não percebo porque as pessoas bloqueiam com Lisboa, a TAP e os passageiros. Para evitar Lisboa não ando a voar na TAP, estou a voar com a Condor, a TUI, a Easyjet, a Transavia, todas a voar para bons hubs.

Não se entende como a mais valia deste país de turismo, que conta com Porto, Faro, Ponta Delgada e Madeira, insiste em Lisboa. Se dali não se retira nada por bons tempos, e veja-se a imagem que envio, então explore-se outros aeroportos com voos directos porque há pessoas. Apostaram as fichas todas em Lisboa? Slots. Diversifiquem. Para quem não sabe um slot na aviação é uma autorização de uso da infraestrutura aeroportuária, como uma pista, em um horário específico. É uma "reserva de horário" para uma aeronave operar num aeroporto congestionado. A TAP teve que ceder algumas na sua reestruturação.

A TAP tem um problema claro: dependência quase exclusiva do hub de Lisboa. Não é lógico diversificar? Lisboa é um aeroporto congestionado, com limitações de capacidade há anos, e onde a TAP perdeu slots durante a reestruturação. Isso significa menos flexibilidade para crescer. Pior, para muitos passageiros, Lisboa já não é atrativo. O atraso crónico, a saturação da infraestrutura, a confusão no handling e a incerteza com bagagens tornaram a experiência desgastante. Há um segmento de clientes disposto a pagar um pouco mais para evitar passar por Lisboa. E digo mais, também para não encarar alguns empregados que são autênticas bestas.

É um erro estratégico, a TAP deixou de apostar em rotas ponto-a-ponto (como fazia no passado com voos diretos da Madeira e do Porto para capitais europeias), quando concorrentes como Ryanair, easyJet, Transavia, Condor ou TUI o fazem com sucesso. Agora estamos a ver claramente esse erro pela mania de centrar tudo em Lisboa.

Portugal não é só Lisboa. Temos destinos turísticos internacionais fortíssimos: Porto, Faro, Madeira, Açores. Estes aeroportos já recebem voos diretos de várias companhias estrangeiras, porque existe procura. Se não fosse rentável, a Condor ou a TUI não estariam cá há anos. E não é um voo ou outro, são dezenas. De forma massificada, que não desejo, a Ryanair prova o modelo. A Ryanair construiu parte do seu sucesso em aeroportos secundários, muitas vezes fora das capitais, porque percebeu que há passageiros que valorizam acessibilidade, simplicidade e preço.

O tráfego turístico, sobretudo, não precisa de passar por um hub saturado. Nem os clientes de outros aeroportos portugueses, os principais, que vão para a Europa.

TAP está a perder clientes fiéis pela teimosia do hub de Lisboa quando eles "detestam" Lisboa. Passageiros que antes usariam a TAP acabam a voar com companhias estrangeiras, muitas vezes através de outros hubs (Amesterdão, Frankfurt, Madrid). Eu sou um caso. E amigos, aqui ao lado, nas Canárias, conta!

Isto enfraquece a posição da TAP e, ironicamente, fortalece as suas concorrentes internacionais. O que poderia ser diferente? Apostar em novos hubs secundários portugueses. Não transformar Faro ou Porto num “Lisboa 2.0”, mas aproveitar as suas características e mercado natural. Somá-los e fazer volume com apostas certas.

É preciso reabrir/expandir rotas ponto-a-ponto a partir de Madeira, Faro, Açores e Porto, que liguem diretamente a grandes capitais europeias sem obrigar à escala em Lisboa. A TAP tem marca portuguesa e pode vender Portugal como destino integrado, mas só se estiver presente nos aeroportos turísticos, não apenas num aeroporto saturado. Enquanto a TAP mantiver quase todas as fichas em Lisboa, vai continuar limitada por slots e por um aeroporto que mais repele do que atrai. A diversificação para outros aeroportos portugueses não é só uma oportunidade de negócio, é uma questão de sobrevivência estratégica! Nem assim abrem os olhos?

Contra mim falo, a TAP que comece com Porto e Faro, e digo porquê, por causa dos custos com a Meteo, por exemplo, no Funchal, atendendo que Eduardo Jesus não se apresenta para a mitigação com um plano de contingência. É outro bloqueio.

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