Triagem de Manchester, a auditoria quando todos chegarmos à Câmara.


Por acaso, o laranja é muito urgente ... para uma Auditoria.

A deputada da Triagem de Manchester, também conhecida como a senhora do iodo em falta, resolveu iluminar a comunicação social com mais uma das suas pérolas: propôs uma auditoria a todos os partidos da oposição. Sim, leu bem: todos. Do Chega ao PS, da JPP ao MPT, todos são, segundo a deputada, dignos de exame profundo. Uma espécie de triagem política em que os opositores são sempre classificados como “urgência vermelha” e, portanto, sujeitos a auditoria imediata.

Mas, senhora deputada, e a Câmara Municipal do Funchal? E o executivo que está de saída, com uma herança de corrupção, desorganização e má gestão? Não merece essa sim uma auditoria séria, detalhada, ponto por ponto? Ou será que na sua triagem de Manchester há uma cor invisível para o PSD, uma cor que significa “isento de auditoria”, “intocável” ou simplesmente “não se fala disso”?

Porque a verdade é simples: a auditoria que o povo espera não é à oposição. É ao PSD. É ao governo que agora sai, marcado por décadas de vícios e de esquemas. É à Câmara do Funchal, entregue ao caos e à teia de interesses. É às contas mal explicadas, às promessas não cumpridas, aos negócios suspeitos.

Senhora deputada, quando levanta a bandeira da auditoria contra todos nós, esquece-se de que seremos todos nós, da extrema-direita à extrema-esquerda, que pediremos juntos uma auditoria a todo o vosso legado. E não apenas pediremos: exigiremos. Porque a democracia assim o manda.

A sua triagem política está invertida: trata como emergência aquilo que é apenas oposição legítima, mas classifica como “sem urgência” o que é, de facto, um colapso total do vosso regime. A senhora deputada não precisa de triagem: precisa de diagnóstico. Porque sofre de uma carência grave de iodo democrático, confundindo prioridades e escondendo as verdadeiras feridas da governação.

E já agora: se quer auditoria, que comece por si. Porque não são apenas Jorge Carvalho e companhia que precisam de responder. A senhora também. O seu partido também. O executivo que agora se arrasta para fora da Câmara também.

A auditoria que conta é à Câmara do Funchal, ao governo que sai, ao PSD que deixou esta terra exausta. Aí, sim, será feita uma triagem de Manchester em condições: e não para classificar a oposição, mas para classificar a herança do PSD. E aí, senhora deputada, não terá alta médica. Terá alta política, definitiva.

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