A elasticidade dos madeirenses é como uma fisga apontada...

 

A inda vai dar para mais rent-a-cars, alojamento local, hotéis, despejos de esgotos no mar, congestionamentos na rede viária, atrações turística atoladas, juro-te que vai dar, porque o madeirense é uma coisa somenos que vai dar a vitória e toda a gente se ri.

Os economistas, ambientalistas, "turistas" do turismo por cá, desde que bem tratados dizem que sem turismo é a pobreza, o interessante é que nenhum país verdadeiramente desenvolvido tem por base o turismo. Perfeito, temos aqui a cereja no bolo da propaganda: o “GigaSite” a vigiar o esgoto de forma “visionária” (link), e agora o secretário a jurar que a Madeira ainda aguenta mais turismo, porque, atenção, a elasticidade é infinita.

Este pessoal droga-se ou são da mesma escola do Trump?

Na Madeira, o turismo não tem limites. É como um elástico de feira: estica, estica, estica… até partir. Mas segundo o secretário do Turismo, ainda não chegou ao ponto de ruptura. Afinal, os hotéis sobem 85% nos preços e os turistas continuam a vir. Também vai dar para aumentar mais o custo de vida, os supermercados. Logo, não há problema nenhum, a equação económica diz que ainda cabe mais gente, mais aviões, mais navios, mais tuk-tuks, mais Airbnbs ilegais e, claro, mais descargas discretas para o mar. Venham todos, também estrangeiros a explorar alojamento local e já agora a montar cooperativas de habitação.

É maravilhoso, a “elasticidade” não mede mar e ribeiras transformadas em esgotos a céu aberto (link), não mede o Funchal entupido de carros (já nem de noite se consegue parar com os carros de aluguer), não mede trilhos erodidos com filas de selfie sticks, não mede residentes e empresários a fugir do centro porque já não conseguem pagar renda. Alguns do comércio a fechar. A elasticidade mede apenas isto: se a vaca ainda dá leite, vamos ordenhar mais um bocadinho.

E ordenham com sorriso no rosto, “temos margem de progressão”. Margem de quê? De pôr mais cadeiras nas esplanadas da Rua de Santa Maria? De abrir mais miradouros com fila de 200 pessoas? De inventar novas taxas para os turistas pagarem a sua própria saturação? A paisagem de terra batida do Fanal?

Claro que tudo isto vem embrulhado em frases doces: “desconcentrar fluxos”, “gestão de acessos”, “sustentabilidade”. Mas todos sabemos o que significa: encher até arrebentar, meter mais turistas nas veias da ilha até o elástico se transformar em corda de forca.

No fundo, a Madeira já não é um destino turístico, é um tubo de ensaio onde testam até onde se pode esticar uma ilha antes de rebentar. E pelos vistos, ainda há margem. Elasticidade infinita, até ao colapso.

Agora só falta se legitimarem com eleições para chegar ao desprezo. Ah sim? Então quanto pior ... melhor. Força!