P ara que a alternância seja uma força de mudança, a oposição precisa de ser uma fonte credível de alternativas radicais, no sentido de ir à raiz dos problemas. No entanto, é comum que a sua mensagem pareça condicionada e doseada, o que levanta questões sobre a sua eficácia.
50 anos passados, as campanhas estão cada vez mais enfadonhas, sem inovação. O poder quer isto assim, pois não destaca a oposição. Este condicionamento pode ser resultado de vários fatores:
- A tentação de se aproximar do centro ou de não ser demasiado disruptivo para ser considerado "elegível" ou "presidível". Medo da Irrelevância.
- A dificuldade em furar a "bolha" informativa, muitas vezes saturada pela narrativa do poder instalado. Limitações Mediáticas.
- A incapacidade de apresentar um projeto de longo prazo coeso e inspirador que vá além da mera crítica pontual. Falta de Visão Estratégica.
Ao não arriscarem uma ruptura de discurso, limitando-se a criticar aspetos superficiais ou a propor soluções ligeiramente diferentes para os mesmos problemas, a oposição falha em oferecer a verdadeira esperança de mudança que o eleitorado cético procura. A mensagem é percebida como uma versão atenuada do que já existe, e não como um caminho novo.
Reparem neste pormenor, os candidatos "convergem"... então porquê mudar? Jorge Carvalho é um candidato fraco, mas basta-lhe concordar para sair vencedor, porque o eleitorado não vê nada de interessante na oposição para haver alternância, Jorge Carvalho fará o mesmo.
Outro pormenor...
A igualdade nos tempos de antena durante o período oficial de campanha é uma formalidade democrática que se esbate perante a realidade do dia-a-dia. De que serve ter 30 minutos de debate noturno se, durante os quatro anos de mandato, os noticiários e as páginas dos jornais são dominados pela "agenda do Governo ou da Câmara"? De que serve debater se depois o Governo diz que vai fazer investimentos neste e naquele concelho contando tacitamente como seu candidato para ir avante? As inaugurações, as apresentações de projetos, e as simples reuniões de trabalho do executivo transformam-se em peças de propaganda contínuas, pagas com dinheiro público e apresentadas como "notícia de serviço".
O acesso privilegiado aos meios de comunicação social, seja através de relações de proximidade, seja pela dependência de publicidade institucional, permite ao poder instalado uma presença constante e quase sempre positiva. Esta propaganda institucional constante cria uma enorme desigualdade de facto na comunicação política. A oposição só tem o seu tempo durante a curta campanha eleitoral, enquanto o poder estabelecido faz campanha todos os dias do mandato. O eleitorado é bombardeado com a narrativa do Governo ou da Câmara, tornando a voz da oposição um ruído passageiro e facilmente esquecível.
A estrutura democrática formal (tempos iguais) é impotente perante a estrutura mediática e financeira que o poder político estabelecido consegue manipular a seu favor, resultando em campanhas monótonas e numa alternância que, no fim, parece não alterar o destino da Madeira.