A incrível viagem dos eleitores radicais


Odisseia pela falácia do feudo ideológico.

N a vastidão política, onde os ventos da direita radical sopram promessas de "preservação da identidade" e do "futuro", surge um fenómeno mais enigmático que um teorema de Pythagoras. Os eleitores seduzidos por partidos como o Chega, com as suas promessas de um “regresso à ordem”, podem ser analisados ​​como heróis trágicos de uma comédia política.

O que significa ser "radical"? Não é apenas uma opção ideológica; é um escape para um mundo onde a "realidade" se torna uma sombra distorcida. Compreender estes eleitores não exige estudos, mas um mergulho nas profundezas do medo, da frustração e da procura de culpados. O medo da perda de identidade, esse monstro mítico, não é apenas uma ameaça, mas a razão de um exército político se erguer com a espada da xenofobia e o escudo do nacionalismo.

O medo da perda de identidade é um fator psicológico central. Muitos acreditam que estão a lutar pela "verdadeira identidade nacional", como se a cultura fosse uma estátua imutável. Mas, como nos ensinaria Aristóteles, a identidade não é estática, é uma construção viva. Se fosse algo imutável, seríamos todos prisioneiros do passado. O que é mais verdadeiro: a identidade que se preserva ou a que se reinventa?

A vida não é simples. Quando a direita radical grita por frustração social e económica, o truque é sempre o mesmo: culpar os “outros”. Imigrantes, minorias e até a globalização — o bode expiatório perfeito. Mas será a imigração o verdadeiro vilão? Ou é a desigualdade que se alarga a cada dia? A lógica aristotélica obriga-nos a questionar: será que o problema é a globalização ou a concentração de riqueza nas mãos de poucos?

A receita é sempre a mesma: culpar a imigração e as elites, mas nunca olhar para as verdadeiras causas. Como diria Pythagoras, “há uma harmonia no caos”. A verdadeira questão é: quem tem o poder de mudar essa harmonia para algo mais justo?

E a obsessão pela “pureza” da nação? A ideia de que um país precisa de ser uma fortaleza para evitar a "invasão" de culturas estrangeiras é ridícula. A diversidade não é uma ameaça, é um campo fértil para a inovação e o crescimento. O medo do "outro" apaga a verdadeira força de uma sociedade: a sua capacidade de se reinventar.

A grande ironia da direita radical é que oferece soluções fáceis para problemas complexos. Simplifica, desinforma e polariza. A política não deve ser um jogo de culpados e vítimas. A verdadeira política exige uma busca pela justiça, pela equidade e pela verdade, e não pela manutenção do status quo. Como diria Marcus Aurelius, “não podemos controlar o que acontece à nossa volta, mas podemos controlar a forma como reagimos”.

Que futuro estamos a construir? Seremos prisioneiros de ideologias radicais ou abraçaremos uma sociedade diversa e justa? A escolha é nossa, e a resposta reside na nossa capacidade de pensar para além do óbvio e da vitimização.