Membros do Governo Regional da Madeira
Secretaria de Saúde e Proteção Civil
Proteção Civil da Madeira
A no após ano, em cada ato eleitoral, assistimos ao mesmo teatro. Prometem-se melhorias, anunciam-se valores diferentes em poucos dias, distribuem-se flyers com discursos ensaiados e visitam-se corporações com falsas garantias. No fim, tudo não passa de palavras. Para os bombeiros da Madeira, nada muda: os salários continuam baixos, as condições precárias e a desvalorização constante.
A opinião pública é levada a acreditar que somos bem pagos e respeitados, mas a realidade está muito longe disso. Ser bombeiro não é apenas vestir uma farda — é estar na primeira linha do socorro, enfrentar o perigo de frente e arriscar a própria vida para proteger a dos outros. É enfrentar incêndios, acidentes, intempéries, catástrofes e emergências médicas com coragem, sangue-frio e sacrifício pessoal. É abdicar de noites, feriados e tempo com a família para servir a comunidade.
Somos uma profissão de risco, mas não somos valorizados como tal. Não existe um verdadeiro reconhecimento, nem financeiro nem social. Os salários não refletem a responsabilidade nem a exigência física e emocional do nosso trabalho. O estatuto profissional é frágil, as condições de trabalho muitas vezes indignas, e o apoio psicológico praticamente inexistente. Quem arrisca a vida todos os dias não pode continuar a ser tratado como um número numa folha de Excel.
Para agravar, os próprios sindicatos — que deveriam ser uma voz forte e combativa — pouco ou nada fazem para alterar esta realidade. Limitam-se, muitas vezes, a declarações públicas vagas ou a ações simbólicas que não trazem resultados concretos. Em vez de defenderem com firmeza os bombeiros, acabam por se acomodar ao sistema, deixando os profissionais sozinhos na luta por dignidade.
Enquanto isso, em época eleitoral, o Governo Regional e a Secretaria da Proteção Civil multiplicam promessas e discursos bonitos, visitam corporações e distribuem material de propaganda, como se palavras pudessem apagar anos de desvalorização. Mas quem está no terreno já não se deixa enganar.
Basta de usar os bombeiros como palco político. Basta de discursos vazios. Queremos respeito e medidas reais. Exigimos o reconhecimento oficial de que esta é uma profissão de risco. Exigimos salários dignos, carreiras valorizadas, equipamentos adequados e políticas de proteção efetivas para quem arrisca tudo no serviço à comunidade.
Apelamos também à união de todos os bombeiros. Não podemos continuar calados. Não podemos ter medo de confrontar quem mente e promete sem cumprir. A oposição só se lembra de nós em tempo de eleições, os sindicatos acomodam-se e o poder continua a fingir que está tudo bem. Mas nós sabemos a verdade.
Chega de enganar os bombeiros. Chega de usar esta profissão nobre como instrumento político. Exigimos respeito, justiça e dignidade. Os bombeiros da Madeira merecem mais — muito mais — do que aquilo que lhes têm dado.
