Élvio Sousa, o único que chamou os bois pelos nomes no negócio do gás.


F oi a 15 de junho de 2024, aquando da discussão do Orçamento Regional, que o deputado do JPP, Élvio Sousa, confrontou o Presidente do Governo Regional acerca dos contornos labirínticos do negócio do gás na Região Autónoma da Madeira. Como a maioria dos negócios que rendem muitos milhões, a economia regional tende a concentrar nos mesmos de sempre estas atividades.

O negócio dos combustíveis, nos quais se inclui também o gás doméstico, segue essa linha económica que beneficia uma mão cheia de empresários protegidos pelo regime. O rentável negócio dos combustíveis está centrado na CLCM (Centro de Logística de Combustíveis da Madeira), empresa sedeada na Zona Franca do Caniçal. Na estrutura social desta empresa estão alguns dos principais grupos empresariais da Região, nomeadamente, Luís Miguel de Sousa, CEO do Grupo Sousa e, pois claro, Presidente executivo da CLCM. Para compor o ramalhete empresarial, a presença da família Ramos e Avelino Agrela é também relevante.

Esta verticalização económica dos principais sectores da economia regional, criou ao longo dos 50 anos de Autonomia, um “Estado” dentro do Estado, sendo estes grupos empresariais protegidos, quem determina efetivamente as políticas económicas regionais, com claro prejuízo para o custo de vida da maioria dos madeirenses.

O custo de uma simples garrafa de gás doméstico é bem exemplificativo da “canga económica” a que estão sujeitos os madeirenses. Comparativamente aos Açores, os madeirenses pagam atualmente mais 7,5 euros por garrafa que o congénere açoriano. Uma realidade que o Governo não consegue desmentir, refugiando-se em programas assistências como o Gás solidário que chega, grosso modo, a 3% das famílias madeirenses.

Élvio Sousa colocou o “dedo na ferida”, denunciando uma prática monopolista que faz os madeirenses pagar mais de 2,8 milhões de euros em 2024 comparativamente aos cidadãos que vivem nos Açores! E é preciso lembrar e denunciar estas práticas lesivas do nosso interesse comum.

O JPP tem sido o único partido da Região, a trazer esta questão, ao fórum parlamentar, lamentando-se o ensurdecedor silêncio das restantes oposições, sinal de que já foram sequestradas pelo verdadeiro poder regional. O dos Grupos económicos que “comem tudo e não deixam nada”, como bem escreveu José Afonso.