O sucesso que traz pobreza e desgraça.


A s denominadas "historietas", com que o DN trata os escritos dos anónimos, surgem para dizer que o matutino não vale uma assinatura, anda longe da verdade lá nas suas propagandas. No Madeira Opina tem saído textos a explicar tudo, como o comércio local e famílias estão a ser empurradas para fora com o aumento das rendas. A situação é grave e Miguel Albuquerque e Eduardo Jesus, criadores deste contexto parece que não é nada com eles...

Numa reportagem da RTP Madeira, apresentada esta noite (10-11-2025) é feita uma revelação preocupante, cada vez mais famílias da classe média estão a abdicar da compra de alimentos para dar prioridade ao pagamento da renda da casa. 

Esta situação espelha uma pressão económica que vai para além da pobreza extrema, trata-se de pessoas que até há pouco tempo se consideravam em situação estável, mas que agora se veem forçadas a escolhas dramáticas entre necessidades básicas. É um sinal de fragilidade crescente naquilo que era, até recentemente, considerado o estrato mais protegido da sociedade. Mas também é o cruel resultado de uma Autonomia amarrada a DDT, que insiste em Hotelaria e Construção, empurra os jovens para fora e dizima as famílias que ficam na Madeira.

As razões para esta tendência são múltiplas. Por um lado, o aumento generalizado dos preços da habitação, dos bens alimentares, de tudo, tem corroído o poder de compra. Por outro lado, muitos contratos de emprego são precários ou os rendimentos mantêm-se estagnados, o que dificulta a adaptação das famílias às novas realidades económicas. A responsável do Centro de Apoio ao Sem Abrigo alerta que “a crise alimentar vai continuar a aumentar no próximo ano”. Indica que as famílias afetadas não mudaram de situação da noite para o dia, estão a entrar num processo de desgaste e vulnerabilidade crescente.

Entre golfe, superlativos e sucesso económico, até parece uma ousadia uma notícia destas. Quando uma família deixa de comprar alimentos para garantir a habitação, não está apenas a negociar a bagatela entre duas despesas, está a comprometer a saúde, o bem-estar e o desenvolvimento das gerações mais jovens. As crianças de famílias que passam por esta escolha vêem-se expostas a carências que podem ter consequências duradouras. Além disso, o facto da classe média, tradicionalmente considerada uma camada de “reserva” face aos extremos sociais, estar a entrar nessa zona de risco muda o perfil do problema social, ampliando-o e tornando a sua gestão mais complexa. O volume vai crescer.

Cabe-nos refletir sobre as implicações para a política social e para os incentivos económicos. Se a classe média começa a ver-se empurrada para situações de vulnerabilidade, é imperativo que as políticas respondam com maior robustez, não apenas com apoios pontuais, mas também com medidas estruturais que reforcem a estabilidade dos rendimentos, controlem os custos da habitação e garantam o acesso a uma alimentação digna. Só assim se evita que o actual fenómeno se consolide e se traduza numa crise mais ampla de segurança económica e social.

Miguel Albuquerque não governa para os madeirenses, tem sido dito há muito, nem todos compreendem. Quanto ao Diário de Notícias, zelador do Governo, que pense nisto, "a imprensa deveria servir os governados, não os governantes", até porque sem classe média não há assinaturas.