Golfe... onde enfiar as bolas.



Albuquerque...

C hegou a hora de responderes pela fantasia cara que nos vendeste. Investir mais milhões em dois campos de golfe quando a maioria dos madeirenses não vê retorno nenhum não é visão: é desvario com o nosso dinheiro.

Miguel, se ainda tens vergonha, e alguma dignidade, cancela estes projectos, publica todos os contratos e estudos de viabilidade, e apresenta um plano claro que mostre que estes investimentos beneficiam realmente a maioria. Caso contrário, prepara-te para ouvir isso todos os dias, com razão, nas ruas, nas assembleias e nas urnas.

Mais dois campos de golfe na Madeira, como se o povo estivesse a clamar por mais buracos…

É um luxo inútil disfarçado de investimento estratégico. É feito com dinheiro público, o mesmo dinheiro que falta para médicos, habitação, transportes e salários dignos.

Para o teu governo, qualidade de vida é ter relva aparada para meia dúzia de turistas e empresários, enquanto o resto da população se afunda no custo de vida.

Dizes que os campos de golfe atraem turismo de qualidade. É o mesmo argumento gasto há vinte anos e continua a não resistir à realidade.

O turismo de golfe não deixa riqueza para o madeirense médio.

Os lucros ficam nas mãos dos promotores privados e grupos hoteleiros, quase sempre com sede fora da Madeira.

Os empregos prometidos são precários, mal pagos e sazonais.

E o impacto ambiental é permanente: hectares de terreno e água consumidos para manter um relvado de luxo num arquipélago que devia estar a apostar em sustentabilidade e inovação, pela falta de água que se avizinha vem por ai.

Mas há sempre quem beneficie. E não é o trabalhador que se levanta às seis da manhã.

Adivinhem quem são?

Os de sempre: o “inimigo público nº 1” e a família Sousa, Luís Miguel de Sousa e Miguel de Sousa, nomes que aparecem sempre que há dinheiro público a pingar para bolsos privados. Tudo, claro, com o aval do próprio Albuquerque, o mesmo que se comporta como um mero gerente de luxo do poder económico madeirense.

E como bem disse Élvio Sousa, o problema é estrutural: Miguel Albuquerque tornou-se escravo político de três senhores, Luís Miguel de Sousa, Avelino Farinha e Jaime Ramos.

Três nomes que controlam a economia, a comunicação social e as grandes obras públicas, sempre com uma mão estendida ao erário público.

Não são empresários livres num mercado aberto; são parasitas institucionais que vivem à sombra do governo e das rendas garantidas pelo poder político.

Despejar milhões em campos de golfe e empreendimentos turísticos de luxo, enquanto continua sem médicos de família, sem transportes públicos decentes, sem rendas acessíveis e com salários médios que não chegam para o carrinho de supermercado.